Brasília – Líderes peemedebistas minimizaram na quinta-feira as dissidências do partido na votação do projeto que reajustou o salário mínimo para R$ 545, no Senado. Cinco peemedebistas votaram a favor de reajustes maiores ou se abstiveram, na maior dissidência registrada entre partidos governistas na votação do Senado. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse que não há a possibilidade de retaliação dos dissidentes, uma vez que todos votaram "de acordo com as suas consciências".
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Diferente da Câmara, parte da bancada do PMDB no Senado vota contra o governoPMDB teme ser preterido nas nomeações do segundo escalãoEmbate de PT e PMDB reduz chance de reforma políticaAdesão da oposição facilita a vida do Planalto no CongressoO presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), considerou "maciça" a adesão do PMDB à proposta do governo apesar das dissidências. Mas reconheceu que, entre partidos, pode haver atritos especialmente em votações polêmicas.
"A relação entre partidos sempre tem um certo atrito. São atritos pontuais, mas no conjunto geral elas são boas. Até porque hoje nós temos o vice-presidente da República, é uma situação invertida. Não estamos só apoiando o governo, nós participamos do governo, somos parte do governo."
Os senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Roberto Requião (PMDB-PR) votaram contra os R$ 545 para apoiar, respectivamente, os reajustes do mínimo para R$ 600 e R$ 560. Já os senadores Pedro Simon (PMDB-RS), Casildo Maldanes (PMDB-SC) e Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) se abstiveram da votação.
Na Câmara, onde o projeto foi aprovado na semana passada, não houve nenhuma dissidência do PMDB. Além dos peemedebistas, outros governistas também votaram contra o projeto do Executivo no Senado: Ana Amélia Lemos (PP-RS) e Pedro Taques (PDT-MT). Na oposição, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) apoiou o projeto dos R$ 545 apresentado pelo governo.
PDT
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que também é presidente licenciado do PDT, afirmou que o salário mínimo de R$ 545 garante uma política de aumento real nos próximos anos. "Está aprovado. Agora, vamos cumprir a lei e partir para aumento real em 2012. O grande saldo é que, pela primeira vez, estamos conseguindo aprovar por lei a garantia de aumento real pelos próximos três anos. O trabalhador e o empresário já podem fazer conta desde agora. Eles têm tranquilidade para fazer essa conta", declarou o ministro a jornalistas.
Na votação da Câmara dos Deputados, nove parlamentares do PDT votaram a favor de um salário mínimo maior, de R$ 560, conforme proposta das centrais sindicais. A dissidência de parte dos deputados do partido, que compõe a base aliada do governo no Congresso Nacional, gerou desconforto com o Executivo.
“O Partido Democrático Trabalhista tem o 'D' de democracia. Na Câmara, 16 (deputados) votaram pelo projeto integral do governo, e nove preferiram R$ 560. Isso é da democracia. O vitorioso, e fomos vitoriosos, tem de entender que os derrotados também têm o seu direito", declarou ele.
Após comentar os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que apontou para a crianção de 152 mil vagas formais em janeiro deste ano, Lupi respondeu a jornalistas, ao comentar a hipótese de ser demitido, que poderia retornar ao Rio de Janeiro. "Não tem problema. Qualquer coisa eu volto a ser jornaleiro", disse ele, referindo-se à profissão que exercia no passado.