O tamanho da oposição dentro do Congresso Nacional já não permite grandes barricadas, mas na votação do reajuste do salário mínimo, o trabalho do Palácio do Planalto ficou ainda mais facilitado por deputados e senadores de DEM e PSDB. Cinco parlamentares oposicionistas votaram com o governo a favor dos R$ 545, contrariando as indicações dos partidos. Um outro ainda faltou à sessão. Os próprios líderes da oposição admitem que as dissidências devem ser comuns nas próximas votações, especialmente com a intenção de alguns parlamentares de trocarem de partido — e pularem para a barca governista.
Entre os dissidentes, motivos oficiais não faltaram para o reforço inesperado na bancada governista. No primeiro embate com a oposição no Congresso, eles teriam debandando para atender às demandas de prefeitos, encrespados com a possibilidade de gasto extra no orçamento. Alguns chegaram a encorpar o discurso do Palácio do Planalto, de que era preciso fazer um ajuste fiscal para manter a economia em equilíbrio. “Não quis fazer oba-oba, nem o jogo do quanto pior, melhor. A presidente está com bom índice de avaliação e não quero ser responsabilizado no futuro se algo der errado na política econômica dela”, diz Vitor Penido.
Desequilíbrio
Depois de anunciar que votaria com o mínimo do governo, a senadora Kátia Abreu decidiu pelo meio termo. Em plenário, preferiu a abstenção no voto da emenda pelo DEM no Senado, no valor de R$ 560. A explicação oficial da senadora é de que um mínimo mais encorpado traria o risco da volta da inflação e desequilibraria as contas do governo. Nos bastidores, a parlamentar estaria com pelo menos um pé na bancada alinhada ao Planalto.
No caso dos mineiros Penido e Ataíde, o voto contrário ao partido não significaria, de imediato, uma intenção dos dois deputados de pular o muro que separa oposição e governo. A dupla está descontente com a composição do novo diretório nacional do partido, anunciada no dia da votação. Oficialmente, Ataíde disse que atendeu a um pleito dos prefeitos aliados. "Votei pressionado pelas bases e pelas minhas prefeituras, do Norte de Minas, que são carentes e têm muitos funcionários que ganham um salário mínimo. Os prefeitos não teriam condições de arcar com um salário maior", justifica.