A discussão em torno do financiamento público norteia os debates para a maior parte do PT, do PCdoB e dos democratas e vem acompanhada do sistema proporcional de lista fechada. “Se mantivermos o sistema de financiamento privado hoje, a dependência do poder político do econômico será cada vez maior. Será de fato uma democracia de aparências”, diz o deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP). Com ele, faz coro a senadora Vanessa Graziotim (PCdoB-AM): “Temos de evoluir para valorizar os partidos e os programas”. O PCdoB defende a manutenção do sistema proporcional, com voto em lista de preferência fechada e financiamento público. “Não importa quem sejam as pessoas. São as instituições que têm de ser consolidadas”, diz a senadora, que integra a Comissão Especial da Reforma Política do Senado Federal.
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Fortalecer os partidos é também uma preocupação da cientista política e diretora do Centro de Estudos Legislativos da UFMG, Magna Inácio. “Temos, ao longo dos últimos anos, uma série de alterações na lógica da dinâmica partidária, resultado de interpretação do Supremo Tribunal Federal (STF). Há reconhecimento maior do papel dos partidos na competição política e na dinâmica da representação política. Seria muito mais interessante que a atenção se concentrasse numa regulamentação coerente desse sistema”, afirma.
Para a cientista política, um traço importante do sistema brasileiro é que tem assegurado a representação de minorias. Magna Inácio critica o argumento de que o sistema distrital seria mais propício ao país, pois facilitaria a obtenção da maioria parlamentar sem prejudicar a representação, uma vez que a sociedade brasileira, por ser plural, teria condições de influenciar o Legislativo. “Esse argumento é falso. Uma coisa é exercer a influência sobre o Legislativo. A outra coisa é poder decidir. Não é suficiente exercer a influência. Quem decide são os parlamentares e, nesse sentido, é importante que as minorias estejam representadas”, considera.