Denunciado pelo desvio de milhões de reais em recursos públicos, o ex-prefeito de Juiz de Fora Alberto Bejani (PTB), preso em 2008 durante a Operação Pasárgada da Polícia Federal (PF), entrou quinta-feira com um pedido de aposentadoria vitalícia de R$ 2.434,34 por mês. A solicitação foi feita nos termos da Lei Municipal 5.073 de agosto de 1976. Como renunciou no meio do segundo mandato, em meio ao escândalo da chamada máfia do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), Bejani sustenta o pedido com base na sua primeira passagem pela administração local, de 1989 a 1992, a qual cumpriu integralmente.
O ex-prefeito tem pressa, pois tramita na Câmara Municipal da cidade, na Zona da Mata mineira, projeto do vereador Isauro Calais (PMN) que promete acabar com a farra da concessão de aposentadorias vitalícias para ex-prefeitos, mas estabelecendo que a lei só deve alcançar pedidos posteriores à sua sanção.
Nesse meio tempo, o projeto de lei contra o recebimento do benefício até pode ser votado pelos vereadores de Juiz Fora. Mais uma vez, no entanto, vai depender da boa vontade política da Câmara, já que pelo menos seis dos 15 atuais vereadores são considerados bejanistas.
O benefício é concedido para prefeitos com mais de 60 anos e que tenha terminado ao menos um mandato inteiro. Alberto Bejani completou 60 anos em setembro de 2010.
Notório personagem da Operação Pasárgada, que desmantelou uma organização criminosa responsável pelo desvio de mais de R$ 200 milhões do FPM, Bejani ficou mais de 30 dias encarcerado na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem. Em imagens gravadas pelos federais, apareceu manipulando sacolas com dinheiro vivo, fruto de propina cobrada de empresários do setor de transporte. No dia da prisão, a PF encontrou R$ 1,2 milhão em espécie em sua casa, além de um arsenal de armas de fogo, algumas delas de uso exclusivo das Forças Armadas.
Mesmo sendo denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE) por vários crimes, os processos contra Bejani estão empacados no Judiciário. Enquanto isso, ele continua desfrutando de vida privilegiada. Não raro é flagrado nas ruas de Juiz de Fora desfilando em uma Mitsubishi Pajero blindada, avaliada em mais de R$ 200 mil. Nos fins de semana, Bejani passa em sua confortável fazenda na cidade vizinha de Ewbank da Câmara. Em sua rotina em Juiz de Fora, ele mora em uma mansão, localizada no Bairro Aeroporto, um dos mais requintados da cidade.
Dono da Recolher Construções, que faz casas populares para o governo federal, Bejani declarou ontem para o Estado de Minas que pediu o benefício porque está com dificuldades financeiras. “Vou usar o dinheiro para sustentar a minha família.”