Jornal Estado de Minas

Partidos mantêm ideologia em segundo plano

Bertha Maakaroun - enviada especial
Na salada de legendas que integram a situação e a oposição nas 24 cidades governadas pelo PT e pelo PSDB há ingredientes para todos os gostos. Na pequena Arantina, no Sul de Minas, onde o orçamento gira em torno de R$ 8 milhões, são os democratas e o PP que estão na oposição ao governo tucano e petista. PT e PSDB têm também o apoio do PMDB, PSB e PTB. Em Manhumirim, na Zona da Mata, cidade com orçamento de R$ 27 milhões, PT, PSDB, PSB, PP e o DEM dão sustentação ao governo. Na oposição, tucanos e petistas enfrentam o PDT e o PPS.
Em Mendes Pimentel, na Região Leste, o prefeito José do Carmo (PSDB) e o vice, Antônio Moreira de Souza (PT), contam com o apoio político do PR e enfrentam os adversários do PMDB e do PP. Quando perguntado se pretende repetir a coligação com o PT, José do Carmo, que é candidato à reeleição, defende a reedição da dobradinha, mas sem se comprometer. “Política é como folha de bananeira. Vento toca por todos os lados. Pode haver outro candidato em nosso grupo”.

As siglas se aglutinam e reaglutinam nas cidades sem qualquer vínculo ou identidade ideológica com o posicionamento político dos partidos no plano nacional. Em Belo Oriente, estão no governo PT, PSDB, PPS e DEM. Na oposição se entrincheirou boa parte das legendas da base de Dilma Rousseff (PT): PMDB, PSB, PR, PRB e PDT. Em Vieiras, que tem um orçamento de R$ 6 milhões, o governo do PT e do PSDB contam com o apoio do PMDB, PTB e PSB. Na oposição estão o PPS e os democratas. Já na cidade de Martins Soares, na Zona da Mata, que planeja gastar R$ 7 milhões ao longo do ano, o governo do PSDB e do PT tem o apoio do PV e dos democratas. Batem de frente com o PMDB e o PSB, adversários políticos.

Diferentemente das cidades mineiras em que PT e PSDB, juntos no governo, enfrentam oposição variada no espectro partidário, em Cordisburgo, na Região Central, onde o orçamento previsto deste ano é de R$ 10 milhões, o nó partidário é ainda maior: 10 legendas estão no governo. Encabeçado pelo PT, do prefeito José Maurício Gomes, o governo tem, além do vice do PSDB, o apoio do PMDB, PTB, PMN, PV, PSL, democratas, PP e PPS.

Exercendo o segundo mandato, José Maurício Gomes acha que a coligação PT e PSDB não se sustentará para 2012. “No PT não há outro nome. No PSDB, o candidato natural seria o meu vice, Joaquim Ildeu Santana. Mas ele não quer concorrer”, revela o prefeito. “Vamos trabalhar para manter a aliança”, diz Gomes. Mas a tarefa é difícil. Sem o PT e o PSDB na cabeça, o mais provável é que o candidato saia dos democratas, do PMDB ou do PTB. Do grupo também sairá a oposição, é lógico.

Enquanto em Cordisburgo 10 partidos se aglutinam no governo, em São Félix de Minas, cidade da Região Leste que tem um orçamento de R$ 7 milhões, o prefeito Wanderley Vieira de Souza (PT) e o vice Anibal Geraldo da Silva (PSDB) sequer têm oposição. O petista e o tucano foram reeleitos em chapa única em 2008, que reuniu o apoio dos democratas, PP, PMDB e PR.

A união de petistas e tucanos, que em 2008 colocou Belo Horizonte no foco das discussões nacionais em torno da aliança entre os dois partidos que polarizam a cena nacional, já é uma realidade há 11 anos em São Félix de Minas. “Quando nos juntamos pela primeira vez, em 2000, tivemos de obter autorização da Executiva Nacional. Foi a novidade da época”, conta Wanderley. Em 2004, as conversações entre petistas e tucanos estavam avançadas na cidade, em especial porque o PMDB e os democratas engrossavam o coro dos políticos adversários. “Vencemos em 2004 e, em 2008, todos os partidos nos apoiaram na eleição”, conta o prefeito petista.