Novos senadores cobram reforma administrativa
Engavetada desde dezembro, a proposta de reforma administrativa do Senado ganhou adeptos com a posse dos novos senadores, sobretudo dos 15 que exerceram antes o mandato de deputado. Eles afirmam que a estrutura de trabalho na Câmara é mais ágil e profissional, mesmo tendo de atender a 513 deputados e não apenas aos 81 senadores.
Os senadores afirmam que as comissões não estão aparelhadas com ''regimentalistas'' e especialistas nas devidas áreas e que a burocracia e a superposição de funções dificultam o atendimento de questões elementares, como a reposição de equipamentos de informática. ''Minha impressão, há 30 dias aqui, é que há muita gordura para queimar na Casa'', diz o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES). ''Não é à toa que a sociedade vê o Senado como um paquiderme.''
O senador Walter Pinheiro (PMDB-BA), compara a Casa a ''uma Ferrari que anda como uma carroça'', mesmo - segundo ele - dispondo de ''combustível e de pessoal altamente qualificado''. ''Temos de otimizar , organizar o meio de campo para que a gente possa utilizar o serviço deforma coletiva e não individual''.
Ferraço é um dos cinco integrantes escolhidos pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), para a subcomissão que no prazo de 90 dias vai reiniciar o debate sobre a reforma administrativa da Casa. ''Nesse prazo, não vamos reinventar a roda, mas o trabalho tem de ser feito, com base no estudo que já está pronto'', afirma, referindo-se à proposta preparada pelo grupo de trabalho presidido no ano passado pelo ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), com apoio da Fundação Getúlio Vargas.
O orçamento do Senado para este ano é, proporcionalmente, maior do que o da Câmara. Serão gastos cerca de R$ 3,3 bilhões contra R$ 4,2 bilhões na Câmara, que tem duas vezes mais funcionários, cerca de 18 mil contra 9 mil, e quase seis vezes mais parlamentares.