Delator do esquema de corrupção no Distrito Federal, conhecido como “mensalão do DEM”, Durval Barbosa afirmou ontem, em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S. Paulo, que é suja a origem do dinheiro entregue por ele à deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), filha do ex-governador Joaquim Roriz. “O dinheiro entregue a Jaqueline Roriz é oriundo das propinas dos contratos de informática do governo do Distrito Federal”, disse ele, em conversa gravada. “O dinheiro é sujo, não tem outra denominação.”
É a primeira declaração pública de Durval sobre o conteúdo da gravação, revelada pelo site do jornal no dia 4 de março, em que ele repassa dinheiro vivo a Jaqueline Roriz e seu marido, Manoel Neto. No vídeo, pelo menos R$ 50 mil foram entregues a Jaqueline Roriz por Durval.
Por ser a principal fonte de informação da investigação do Ministério Público, Durval está sob proteção policial. A afirmação dele de que a origem dos recursos é o esquema corrupto no DF contradiz a defesa da deputada de que o dinheiro que surge nas imagens não passa de doação “não contabilizada” à sua campanha eleitoral em 2006, uma espécie de caixa dois.
Para o Ministério Público Federal, o importante é mostrar que o dinheiro recebido pela parlamentar é fruto de desvios dos cofres públicos. Em 2008, uma operação do Ministério Público com auxílio da Polícia Federal, chamada de “Megabyte”, apontou fraudes envolvendo R$ 1,2 bilhão no setor de informática.