Jornal Estado de Minas

Presidente de Conselho vê Jaqueline como 'ré confessa'

Agência Estado
Sob pressão externa, o Conselho de Ética da Câmara quer mostrar resultados e deve dificultar a vida da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), flagrada, num vídeo revelado em primeira mão pelo portal Estadão.com.br, recebendo dinheiro de Durval Barbosa, pivô do escândalo do “mensalão do DEM”, que seria fruto do esquema de corrupção do Distrito Federal (DF). Em entrevista ontem ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente do colegiado que julga a conduta de parlamentares, José Carlos Araújo (PR-BA) mandou um recado a Jaqueline: “Não estamos na Câmara para passar a mão na cabeça das pessoas que têm desvio de conduta”.
“Ela é ré confessa porque confessou que recebeu dinheiro e que foi para campanha, caixa 2. Dinheiro ilícito”, disse Araújo. Os integrantes do Conselho de Ética avaliam que as circunstâncias políticas, que incluem o começo de legislatura e um histórico negativo em julgamentos de mandatos, aumentam as cobranças para punir Jaqueline. “Acho que o caso dela servirá para resgatar a imagem da Câmara. Vou trabalhar com esse propósito”, afirmou.

Para o parlamentar, a entrevista de Durval Barbosa ao jornal, em que ele afirmou que o dinheiro entregue à deputada é “sujo” e “oriundo de propinas”, reforça a necessidade de ouvi-lo em depoimento e abre a possibilidade uma acareação entre os dois.

Araújo prometeu indicar na terça-feira o relator do processo contra Jaqueline. Já é quase consenso que os integrantes do conselho derrubarão a interpretação de que ela não pode ser processada, já que o vídeo foi gravado em 2006, antes de ser deputada federal. Havia sido formado um entendimento no Conselho na época do escândalo do mensalão do PT (2005), que parlamentares não poderiam ser processados por atos ocorridos antes da posse.

A promessa, agora, é acelerar a investigação contra a parlamentar. “O Conselho de Ética não vai abrir mão de investigar. Temos muita esperança que acabe logo essa coisa que só ajuda a denegrir a imagem do parlamentar”, afirmou José Carlos Araújo.