Jornal Estado de Minas

Obama: de olho no pré-sal e em grandes obras

Gabriel Caprioli Igor Silveira
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deixou clara a extensão dos interesses comerciais norte-americanos no Brasil, especialmente na área do petróleo e nas grandes obras de infraestrutura, ao fechar um seminário para 400 empresários. Apesar de o discurso ter durado apenas 20 minutos, o chefe de Estado não precisou de muito para mostrar seus objetivos econômicos. Em um momento em que os preços do óleo cru estão em disparada no mercado internacional, Obama lembrou que a instabilidade política no Norte da África aumentou a importância estratégica das descobertas do pré-sal no Brasil.
"Ficamos felizes em saber que as reservas encontradas no Brasil representam duas vezes as norte-americanas. Queremos auxiliá-los a explorar esse petróleo e, quando começarem a comercializar, queremos ser um dos maiores clientes", afirmou. Ele garantiu que quer ampliar as conversações na área de energia limpa. "Se pensamos no petróleo, claro que num futuro próximo temos que pensar em alternativas. Por isso a cooperação nos biocombustíveis é importante. Estamos lançando uma parceria para o desenvolvimento de uma economia verde entre os dois países", disse. Ele não deu nenhum sinal, entretanto, de que vai derrubar a sobretaxa ao etanol brasileiro no mercado norte-americano.

Outro segmento no qual Obama demonstrou ávido apetite foi o das obras de infraestrutura para os eventos esportivos agendados para os próximos anos. Bem-humorado, ele lamentou ter perdido a disputa para sediar as Olimpíadas de 2016 em Chicago. Sério, propôs que os empresários norte-americanos participem da preparação da estrutura física das cidades. No discurso, Obama também atribuiu a intenção em aumentar o comércio ao papel que o Brasil assumiu no cenário internacional. "O que foi realizado nos últimos anos aqui é notável. O Brasil é o país do futuro e o futuro chegou. Não foi sorte, foi resultado de um trabalho árduo', destacou.

Representantes dos governos do Brasil e dos Estados Unidos assinaram acordo para a criação de uma comissão bilateral que tem entre seus objetivos mais gerais "reduzir as barreiras não tarifárias e os subsídios que distorcem o comércio". O acordo não significa a suspensão de subsídios dos americanos, mas estabelece um horizonte de discussões institucionais para garantir a liberalização do comércio bilateral.

Esse foi o principal acordo entre os 10 firmados. Outra resolução importante foi na área de biocombustíveis para aviação. Ainda acertaram o aumento gradual de voos Brasil-EUA até 2015, quando deixam de existir restrições ao tráfego aéreo entre os países. Também foram assinados acordos de educação, cooperação de eventos esportivos e cooperação técnica para melhorar as condições de trabalho em outros países com os quais Brasil e EUA mantenham relações diplomáticas.