Para o sociólogo Demétrio Magnoli, a declaração do presidente norte-americano passou longe de decepcionar. “Obama foi além da expectativa razoável”, disse. Ele destacou que a política externa de Lula só afastaou o Brasil do Conselho de Segurança, sobretudo pela aproximação com ditadores. “O Brasil tem conquistado notoriedade no cenário geopolítico global com o crescimento econômico”, adicionou, o que credencia a reivindicação brasileira. “O Conselho é hoje anacrônico, reflete um mundo de quando ele foi criado, em 1945”, criticou o sociólogo. Segundo ele, a entrada de mais países, como Japão, Alemanha, Índia e Brasil, é mais do que razoável e nós temos chances de alcançar esse objetivo. “No entanto, o Brasil tem de romper vários obstáculos”, afirmou.
Discurso no Itamaraty
No sábado, em almoço no Itamaraty, ao falar para empresários e políticos, Obama disse ser favorável à reforma da instância da ONU, mas não declarou apoio na forma incisiva que esperava parte da diplomacia brasileira. O Conselho tem 15 membros. Apenas cinco são permanentes e com direito a veto: Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China. Os demais são rotativos e têm mandatos de dois anos.
O ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos Roberto Abdenur está entre os que esperavam claro apoio norte-americano a vaga no Conselho de Segurança. Mas tampouco se decepcionou. “Uma declaração mais forte teria sido o ideal. Mas, do ponto de vista diplomático, o foi bastante representativo. É um avanço considerável”, afirmou. “O apoio para um trabalho na reformulação do Conselho é um compromisso importante dos EUA”, completou.
Os recados dados pelos presidentes Dilma e Obama vão além do pedido de apoio pela conquista de uma cadeira permanente, segundo o professor de relações internacionais do Ibmec-DF Creomar Souza. “Eles simbolizaram o anseio do Brasil em obter o reconhecimento de seu potencial político e econômico por parte de um dos maiores atores do cenário internacional”, avaliou.