Jornal Estado de Minas

Relator do caso Jaqueline Roriz quer ouvir Durval e marido da deputada

Agência Câmara
O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), relator do processo disciplinar contra a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), vai sugerir ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar que sejam ouvidos o operador e delator do "mensalão do DEM", Durval Barbosa, além do marido de Jaqueline, Manoel Neto, filmado ao lado da esposa ao receber dinheiro de Barbosa.
Apesar de lembrar que os conselheiros terão acesso aos depoimentos de Durval à Polícia Federal, o deputado afirma que pode haver outras dúvidas de caráter político. "A própria deputada pode mudar sua versão sobre os fatos, em relação ao que disse em nota. Precisamos agir com cautela", disse.

A deputada afirmou por meio de nota que recebeu o dinheiro para financiar sua campanha a deputada distrital em 2006, admitindo a prática de caixa dois. Se for confirmada a versão de que o dinheiro teve origem na gestão de José Roberto Arruda, Sampaio disse que o ex-governador também poderá ser ouvido.

O deputado disse que seu relatório deverá focar primeiro na discussão sobre a possibilidade de Jaqueline Roriz ser julgada por um fato anterior à sua eleição como deputada federal. Ele explicou que há casos em que o Conselho de Ética decidiu que é possível e, em outros, não recomendou a cassação.

Prazos

Sampaio disse que vai ouvir Jaqueline e as testemunhas somente após receber do Supremo Tribunal Federal as informações do processo instaurado contra a deputada. Os dados já foram pedidos pelo presidente da Câmara, Marco Maia. "Espero que todo o processo seja concluído em 90 dias", disse.

Tanto ele quanto o presidente do conselho, deputado José Carlos Araújo (PDT-BA), não acreditam que haja atraso. Segundo Sampaio, o fato de a deputada ter se licenciado da Câmara por motivo de saúde não impede sua defesa. "Na Polícia Federal a deputada não quis falar, mas aqui é diferente, é um processo político. Se ela for inocente, acredito que seja do interesse de sua defesa que ela convença os outros deputados disso", afirmou.

Como o processo será instaurado nesta quarta-feira (23), Jaqueline Roriz tem até a meia-noite desta terça (22) para renunciar ao mandato e evitar o julgamento na Câmara. Mas caso isso ocorra, ela ficará inelegível por oito anos após o termino desta legislatura (a partir de 2015), porque a renúncia se enquadraria na lei do Ficha Limpa (Lei Complementar 135/10). O mesmo período de inelegibilidade será aplicado caso a deputada seja cassada pelo Conselho de Ética.

Verba indenizatória

O líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ), disse que aguarda apenas a abertura do processo no conselho para apresentar um aditivo à representação do partido contra Jaqueline. O Psol quer que também seja investigada a denúncia de que a deputada teria usado verba indenizatória da Câmara para pagar o aluguel de um imóvel onde funciona empresa de propriedade do marido.