O senador Aécio Neves (MG) juntou-se ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, na defesa da criação no PSDB de um Conselho Político, uma instância que seria formada por líderes da sigla, sem funções administrativas, para discutir a atuação nacional da legenda.
O senador avaliou que seria tarefa do conselho, por exemplo, atualizar as propostas da sigla e aproximar os tucanos de setores da sociedade em que o PSDB perdeu força. "Tenho defendido há bastante tempo que o PSDB se renove e atualize suas propostas, que fale para setores da sociedade brasileira com os quais não está mais conectado", disse Aécio, citando entre esses grupos os jovens, profissionais liberais e setores da classe média.
De acordo com o senador, esses setores rejeitam práticas como o aparelhamento do Estado e reagem mal a denúncias de corrupção. "Uma prova disso é o PT não ter vencido as eleições presidenciais em primeiro turno", lembrou.
No evento, o senador disse que tem de ser respeitada a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de anular a validade da Lei da Ficha Limpa para as eleições de 2010. Segundo Aécio, a lei é um avanço e deve provocar efeitos nas eleições municipais de 2012. "É claro que esse julgamento gera uma comoção muito grande, mas cabe a todos nós respeitarmos a decisão do STF", disse. "Sou de uma escola política de que decisão de juiz não se comenta, respeita-se".
No começo do mês, em evento na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Alckmin já havia defendido a criação do conselho, que teria também a participação do ex-governador José Serra (SP). Nos bastidores, o conselho é encarado como uma maneira de arrefecer a disputa em torno da presidência nacional do PSDB. O atual presidente da sigla, deputado federal Sérgio Guerra (PE), vem articulando a reeleição ao cargo, em oposição ao grupo de aliados que defendem a indicação de Serra. Hoje, Aécio negou que o Conselho seria uma forma de dar espaço ao ex-governador. "O Serra não precisa disso", afirmou. "O Serra tem dimensão política própria", acrescentou.