A indefinição sobre a validade da Lei da Ficha Limpa pode ser resolvida antes das eleições municipais de 2012. Após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que invalidou a norma para 2010, entidades sinalizam com a possibilidade de entrar com uma ação declaratória de constitucionalidade no Supremo ainda este ano. O objetivo é que a Corte se posicione em definitivo sobre pontos da lei que ficaram em aberto, para que não haja mais insegurança sobre quem é ou não candidato nas próximas eleições.
Especialistas temem que esses assuntos voltem a ser discutidos apenas nos recursos de políticos barrados nas próximas eleições, já no meio do processo eleitoral, como ocorreu em 2010.
O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Henrique Neves é um dos que defende que a norma volte a ser analisada antes das eleições de 2012. “Seria bom que alguém entrasse com essa ação ainda este ano para que os envolvidos nas eleições não descobrissem em cima da hora o que pode e o que não pode”, argumenta o ministro.
Leia Mais
Ao menos duas questões mantêm polêmica sobre a Ficha LimpaSTF pode adiar vigência da lei por uma décadaSTF enfrenta polêmica sobre vagas de suplênciaOAB vai recorrer ao Supremo para definir validade da Ficha Limpa em 2012Presidente do TSE faz apelo por ações pró-Ficha Limpa nas eleições de 2012Tribunais regionais foram mais rigorosos que TSE ao aplicar Lei da Ficha LimpaMetade dos políticos com recurso da Ficha Limpa no STF não conseguirão vagas“Vejo bastante plausibilidade . Claro que por um lado seria bom porque estabeleceria melhor a situação, mas não sei se agora seria um bom momento para isso. Mas a Lei da Ficha Limpa não pode continuar com esse tipo de dúvidas em função de manifestações desse ou daquele ministro sem que haja efetiva definição”.
Outra vantagem de uma futura ação declaratória de constitucionalidade é que todos os pontos polêmicos da lei poderiam ser analisados de uma só vez, e não em conta-gotas a partir dos casos específicos de cada candidato. Segundo a Constituição, além da OAB, podem entrar com ação declaratória de constitucionalidade a Presidência da República, as mesas diretoras de todas as casas legislativas, inclusive as municipais e estaduais, os governadores, a Procuradoria-Geral da República, confederações sindicais ou entidades de classe nacionais.
Outro ponto ainda pouco discutido é a possibilidade de o Congresso Nacional alterar a Lei da Ficha Limpa a partir da edição de outra norma que a substitua nos pontos mais polêmicos. Na sexta-feira, o advogado geral da União, Luís Inácio Adams, afirmou que “a lei precisa evoluir nos casos de presunção de inocência”.