Ao mesmo tempo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já entra nas articulações para ampliar o número de prefeitos do PT em São Paulo nas eleições de 2012, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) prepara uma ofensiva tucana. Ele tentará reverter, com atos cirúrgicos de governo, o histórico de derrotas para os petistas na área mais populosa do Estado, intitulada “Macrometrópole Paulista”.
Como ponto de partida, Alckmin será alçado na quarta-feira à presidência da Câmara de Desenvolvimento Metropolitano, novo braço da Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano do governo estadual. Ele terá função de “autoridade metropolitana”, com a missão de planejar as ações de governo do PSDB e coordenar sua execução.
O tucano delimitou como foco de trabalho uma área de 44 mil km², englobando 153 municípios do Estado. Estão incluídas prefeituras comandadas pelo PT - o chamado “cinturão vermelho”, com população superior à do cordão de municípios administrados por tucanos que se espalha pelo interior.
Alckmin quer emplacar marcas de sua gestão nessas cidades. “Teremos uma articulação clara e um avanço institucional”, disse o secretário de Desenvolvimento Metropolitano, Edson Aparecido, responsável pelo projeto.
As regiões delimitadas para a ação tucana são cruciais no jogo eleitoral. Elas detêm cerca de 30 milhões de habitantes (72% da população paulista). O resultado nas urnas terá repercussão direta na sucessão de Alckmin, em 2014, e também na corrida presidencial do mesmo ano.
Reservadamente, tucanos já demonstram preocupação com o cenário eleitoral paulista do ano que vem. Há, segundo eles, uma clara dificuldade em encontrar candidatos competitivos para o PSDB nessas áreas. A “autoridade metropolitana” seria capaz de impulsionar nomes da legenda para virar esse jogo.
Alckmin quer que o primeiro resultado da operação seja marcante e, para isso, deu prioridade à criação do Bilhete Único Metropolitano, para mostrar integração das regiões que compõem a Macrometrópole.
Hoje, o sistema de bilhete único no transporte público é bandeira petista, criado pela então prefeita Marta Suplicy (PT). “Ele (o PSDB) pode absorver nossas marcas, mas o PT vai criar outras. Não vejo problema nisso, não”, ressalvou o presidente do PT paulista, Edinho Silva.