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Situação precária revela falta de assistência no interior de MGParlamentares lançam frente para ampliar número de defensorias no paísHoje são 444 defensores, um terço do total de 1,2 mil projetado pela instituição como número ideal para atender a demanda. Ou seja, o quadro não estará completo nem quando os 210 advogados aprovados há dois anos – 60 a mais do que o previsto no edital – forem convocados.
Trabalho acumulado é o que não falta na Defensoria Pública. De acordo com o último relatório divulgado pela Superintendência de Administração Prisional (Suap), em 2009, apenas 30% dos presos foram assistidos pelos defensores públicos, o que deixou cerca de 20 mil detentos sem assistência. Para amenizar o problema, a Secretaria de Defesa Social (Seds) criou o cargo de assistente técnico jurídico, com a função de facilitar o trabalho dos defensores. “Os assistentes foram criados por causa da escassez de defensores, para ajudar no andamento dos processos. Mas eles não substituem os advogados, e a falta de estrutura continua sendo prejudicial para o cumprimento das penas e responsável pela demora nos julgamentos”, explica Guilherme Soares, superintendente da Suap. O número de presos na fila de espera para o atendimento da Defensoria não foi contabilizado no ano passado.
Nos cálculos da Secretaria do Estado de Defesa Social (Seds), mais da metade dos presidiários em Minas Gerais espera atrás das grades pelo julgamento em alguma instância jurídica. A demora no andamento dos processos está muitas vezes ligada à falta de advogados de defesa para atender os réus, e o atraso acaba virando uma verdadeira bola de neve para a Justiça.
Os problemas, entretanto, não se restringem à falta de defesa para presidiários que permanecem encarcerados sem ter sido julgados. Também estão na fila de espera da Defensoria envolvidos em casos de violência familiar e pessoas que esperam por advogados para atuar perante os tribunais em processos diversos.
Estrutura deficiente
Para o presidente da Associação dos Defensores Públicos (Adep-MG), Felipe Soledade, os problemas não são apenas relacionados à falta de defensores públicos. A estrutura deficiente também impede que o trabalho dos profissionais aconteça de forma rápida. “Apesar de termos percebido melhoras nos últimos anos, ainda estamos longe do ideal. Além do excesso de trabalho para poucos defensores, que acabam sobrecarregados, muitas vezes, problemas de infraestrutura nos órgãos do Judiciário e tribunais fazem com que os processos sejam mais lentos do que o previsto, e os casos se acumulam”, diz Felipe.
O Governo de Minas Gerais garante que está em busca de soluções e aponta a promoção do concurso público há dois anos como uma das medidas neste sentido. Porém, ainda não foram anunciadas as datas para a nomeação dos aprovados., que deverão ser convocados de maneira escalonada. Por meio de nota, o governo ressaltou que a convocação pode ocorrer até dois anos depois da homologação do resultado, completados no dia 16 de fevereiro, prazo que pode ser prorrogado por mais dois anos. A suspensão judicial do concurso, por iniciativa do Ministério Público, devido a questionamentos da classificação final foi um dos motivos da demora para a homologação dos resultados.
Entre os aprovados, a expectativa é grande. “É difícil esperar a nomeação por tanto tempo. A espera atrapalha na organização do nosso futuro. Muita gente já até desistiu da vaga, e o número de convocados pode ficar defasado. Como o governador já liberou a verba, homologou o resultado e a carência da população é grande, não dá para entender a demora”, questiona um dos aprovados, que preferiu não ser indentificado.