Em conversa exclusiva com a reportagem do Estado de Minas, Dona Célia relembrou momentos da infância no interior de Minas e destacou a integridade como principal característica do irmão. “Desde criança, o Zezé já se destacava dos outros meninos da nossa idade. Tínhamos algumas brincadeiras entre nós e sempre contávamos mentirinhas bobas, fazendo desafios uns aos outros e jurando que tal coisa era verdade e tinha mesmo acontecido. Ele não fazia isso, não mentia nem de brincadeira. Sabíamos desde muito cedo que, se ele contava alguma coisa, podíamos acreditar. Essa atitude sempre correta com as pessoas fez com que ele ganhasse a confiança de qualquer um que conversasse com ele, era até impressionante a maneira que ele conseguia falar abertamente, de forma sincera com as pessoas. Isso cativava e trazia para perto, mesmo os mais desconfiados”, relembra.
Carreira A seriedade que José Alencar tratava questões do trabalho foi outra característica que ficou na memória de dona Célia. Crescer na mesma casa e fazer parte da vida de Alencar emociona a mineira toda vez que fala sobre o irmão, quando relembra momentos que passaram juntos, a tristeza pela perda se mistura com a alegria e orgulho. “Observei certa vez, lá no sítio onde crescemos, em Rosário de Limeira, próximo de Muriaé, que o Zezé levava jeito para organizar as coisas. Ele vivia em cima de um toco que parecia um cavalo e ficava contando as galinhas no quintal e quantos ovos cada uma colocava. Ele organizava tudo direitinho, sabia se o número de ovos tinha crescido ou diminuído. E se divertia com a brincadeira”, conta dona Célia.
Durante a juventude, o irmão mais novo também era um exemplo. “Como ele dançava muito bem, tinha sempre moças que queriam dançar com ele nos bailes e ele adorava, curtia muito aquelas horas de diversão. Mas o trabalho era santo, não podia perder por nada, e as responsabilidades eram sempre colocadas em primeiro lugar, o que não acontecia com a maioria dos jovens”, diz. Quando a notícia que o enterro do irmão seria aqui em Belo Horizonte chegou, por um telefonema da viúva do José Alencar, Mariza Gomes, um grande sorriso apareceu no rosto de dona Célia: “Que ótimo, era aqui em Minas que ele queria ficar”.
Agradecimento
O empresário Antônio Gomes da Silva, de 75 anos, irmão do ex-vice-presidente, fez ontem um agradecimento emocionado ao povo brasileiro pelas manifestações e orações para José Alencar. “Estamos nos sentindo arrasados. Ele enfrentou uma luta árdua e resistiu enquanto pôde, mas agora acabou. Nossa família só tem agradecer aos brasileiros, que se sensibilizaram com a luta do nosso irmão, foi algo espontâneo com orações de todos os cantos. Isso também deixou sensibilizada nossa família”, disse. Ele também enalteceu as qualidades do ex-vice-presidente: “Foi uma pessoa extraordinária para a família, sempre muito correto. Vai fazer muita falta”, afirmou Antônio.