Jornal Estado de Minas

Aécio Neves assume papel de líder da oposição

Senador mineiro afirma em encontro de governadores do PSDB, em BH, que chegou o momento de o partido agir com firmeza

Juliana Cipriani
- Foto: Marcos Vieira/EM/D.A PressO senador Aécio Neves (PSDB) chegou ao encontro dos oito governadores tucanos nesse sábado, em Belo Horizonte, disposto a acabar com o estilo light do partido de fazer oposição e elevou o tom das críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Um dos principais nomes cotados para concorrer à sucessão presidencial em 2014, o mineiro disse que chegou a hora de o partido agir com firmeza e mostrar contradições entre o “Brasil apresentado cor de rosa na campanha” e o “Brasil real”. O senador começou falando da criação de mais um ministério pela presidente petista, o que chamou de “escárnio” com a população brasileira e prometeu um pronunciamento contundente para a próxima semana.
O projeto de criação da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, com status de ministério, foi enviado na quinta-feira ao Legislativo. As articulações seriam para que o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) ficasse no comando da pasta. Com isso, o presidente nacional do PT, ex-deputado José Eduardo Dutra, assumiria uma vaga no Senado, como primeiro suplente da chapa. “O PT acha que o correto é colocar o país a serviço de um partido político. Essa notícia, reiterada hoje, de que a presidente da República criará mais um ministério para acomodar um dirigente partidário que não foi eleito, que não teve votos, para estar no Senado da República, é um escárnio para com a população brasileira”, afirmou.

Segundo o tucano, a presidente Dilma teve a oportunidade de modificar a estrutura do Estado, mas, em vez de diminuir o número de ministérios, os aumentou. “São os feudos, entrega-se um ministério para o partido tal, outro para o partido tal, para que se tenha votos no Congresso”, comentou.

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O tucano aproveitou para devolver à presidente a tão falada “herança maldita” que os petistas reclamavam ter recebido do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Aécio antecipou que falará, no Senado, do papel da oposição com os governos Itamar Franco (PPS) e Fernando Henrique na modernização econômica do país. “Vamos mostrar que se existe uma herança maldita, ela está aí hoje com o aumento desenfreado dos gastos correntes no ano passado, acima do que cresceu a própria economia e, hoje, o país paga um preço com a contenção de investimentos principalmente”, disse.

Posição de destaque

No segundo encontro dos governadores do partido, em que o partido admitiu ter problemas de comunicação com o eleitor, Aécio se colocou como a voz da oposição. O ex-governador José Serra, do PSDB paulista, não participou do encontro. Coube também ao presidente da legenda, deputado Sérgio Guerra, criticar a atuação da petista nos primeiros meses de governo. Mesmo tendo, segundo ele, acertado em algumas políticas, ele criticou a composição do ministério da presidente Dilma, que considera “fraco”.

Outra crítica do dirigente foi à atuação da presidente na votação do novo salário mínimo que, para ele, foi na base do “rolo compressor”. “Ela não conversou nem conosco, nem com os sindicatos, nem com as forças sociais, que inclusive a apoiaram. Definiu o padrão dela e fixou por cima de pau e pedra, como se diz por aí”, afirmou. A volta da inflação também entrará na artilharia dos oposicionistas para combater mais incisivamente a gestão petista.