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Estado de Minas

Deputados federais e senadores assumem comissões ligadas a financiadores


postado em 03/04/2011 07:27 / atualizado em 03/04/2011 11:42

A distribuição de deputados federais e senadores pelas comissões permanentes da Câmara e do Senado mostra recorrentes coincidências entre a vaga ocupada pelos parlamentares e a área de influência dos financiadores de suas campanhas. Levantamento da reportagem com base nos registros da Justiça Eleitoral separou os doadores por áreas e encontrou dezenas de casos em que os colegiados foram loteados por políticos que receberam dinheiro de empresas e indústrias ligadas aos temas discutidos nesses grupos.

No Senado, a disputada Comissão de Infraestrutura tem nada menos do que 64% dos seus membros financiados por empreiteiras. A começar pela presidente Lúcia Vânia (PSDB- GO), que recebeu ajuda de mais de R$ 700 mil do setor, outros 13 integrantes precisaram do dinheiro de construtoras para se eleger. A maior doação recebida de empreiteiros que foi declarada à Justiça foi de Lindbergh Farias (PT-RJ), com R$ 2,1 milhões.

"Acho que essa relação não tem efeitos práticos. A nossa comissão não trata de contratos, de licitações ou de qualquer outra coisa que resulte em obras. Tratamos de interesses maiores, de questões relevantes para a sociedade. Nenhum integrante tem poder de ajudar ou interferir para ajudar empresas. Por isso, acho que, no caso da infraestrutura, não há conflitos de interesses", avalia o senador.

Na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, a história é a mesma. Sete parlamentares titulares do colegiado receberam dinheiro de instituições financeiras - principalmente bancos - para se eleger. Um deles foi o próprio presidente, Delcídio Amaral (PT-MS), que conseguiu que banqueiros contribuíssem com R$ 300 mil durante sua campanha política.

A Comissão de Finanças e Tributação da Câmara também está repleta de deputados que receberam ajuda de bancos. Dos 33 integrantes, oito foram financiados por gigantes do setor. O deputado Rui Costa (PT-BA), que assumiu vaga no colegiado porque seu partido negociou com o PDT, recebeu pouco mais de R$ 100 mil de instituições financeiras e foi para o início da fila entre os financiados por bancos na Câmara. Segundo ele, sua independência em relação à contribuição recebida se deve principalmente ao fato de que o valor representa menos de 10% do total que ele arrecadou. "Se você analisar minha lista de doadores, vai ver que há uma pulverização grande. Muita gente e diferentes setores contribuíram. Se fosse analisar dessa forma e tentar evitar esse tipo de ligação, não haveria comissão que eu pudesse participar", alega.

Na Câmara, o loteamento da Comissão de Minas e Energia é um dos que demonstra a relação próxima dos parlamentares que a integram com seus financiadores. Dos seus 30 integrantes, 11 receberam dinheiro de mineradoras e siderúrgicas. No meio do percentual de 36% de financiados está o próprio presidente do colegiado, Luiz Fernando Faria (PP-MG).

Na Comissão de Seguridade Social, cujo principal assunto nas discussões é a saúde pública, o presidente do grupo, Saraiva Felipe (PMDB-MG), e outros quatro deputados receberam dinheiro de grandes empresas, principalmente de planos de saúde, durante a campanha eleitoral. "Recebi o financiamento e estou nesta comissão porque é minha área. Não há conflito de interesses. Sou um defensor do Sistema Único de Saúde e quem contribuiu com minha campanha sabe bem disso", diz.

Ruralistas

A forma como os partidos políticos distribuíram seus integrantes pelas comissões que mais importam para quem os financiou também ficou clara nos grupos que tratam do interesse de produtores rurais. Na Comissão de Agricultura da Câmara, por exemplo, 60% dos integrantes receberam dinheiro de ruralistas cujos pleitos, na maioria das vezes, divergem das ambições dos pequenos produtores. Uma das doações mais altas feitas foi para a campanha do deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS). Ao todo, ele conseguiu quase R$ 900 mil de grandes produtores. "Fui financiado porque esse é meu setor. Mas trabalho não apenas para a indústria que contribuiu, mas para o pequeno produtor também. O Rio Grande do Sul depende de uma cadeia de relações referentes à produção. Quando essa cadeia entra em choque, tomo o lado dos produtores", afirma.


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