Pesquisa realizada pelo DataSenado "desmonta o senso comum de que o brasileiro não quer saber de política", conforme avaliação de Ana Lúcia Novelli, diretora da Secretaria de Pesquisa e Opinião Pública (Sepop) do Senado. Ela ressalta que nove de cada dez entrevistados apontaram algum interesse no assunto.
O DataSenado ouviu 797 pessoas entre os dias 21 e 29 de março, com idade a partir de 16 anos e residentes nas capitais de todos os estados e no Distrito Federal.
A importância atribuída à reforma política em curso no Congresso é outro fator citado pela diretora como indicador de uma maior conscientização dos eleitores. Quase 80% dos eleitores consideraram positivo o processo que resultará em mudanças na legislação político-eleitoral.
Conforme Ana Lúcia Novelli, os resultados mostraram que os partidos são considerados importantes para a organização do sistema político brasileiro, mas revelam também que os eleitores querem um candidato que esteja mais próximo à realidade que vai representar.
Ela destacou ainda o fato de ampla maioria de entrevistados (81%) ter afirmado que participaria da eleição mesmo se o voto fosse facultativo. "Eles estão dizendo que não precisam ser obrigados, que vão votar mesmo não sendo obrigados, pois sabem que é importante", observou a diretora, ao apontar esse como mais um indicador da maturidade dos brasileiros.
Metodologia
Como forma de assegurar a representatividade das respostas, Ana Lúcia Novelli explicou que a definição das amostras por capital respeitou a proporção de eleitores em cada uma. Visando obter respostas que realmente refletissem o pensamento dos entrevistados, foi dada a eles a liberdade de responder ou não às perguntas, após serem informados sobre o tema da pesquisa.
"Não houve uma estratégia de convencimento para participar da nossa entrevista" disse, ao explicar que os números chamados foram gerados de forma aleatória, a partir de uma relação de prefixos fornecidos pela Anatel.
A diretora informou ainda que as amostras respeitaram a proporcionalidade entre o número de homens e mulheres no país e também entre as faixas etárias. E como forma de controle das respostas, foi realizada auditoria em 20% das entrevistas.
"Buscamos mostrar aos entrevistados que suas opiniões são relevantes. E, fazendo uso da estatística e da metodologia de pesquisa de opinião adotada, conseguimos agregar a relevância individual do cidadão à relevância coletiva do conjunto de eleitores que residem nas capitais brasileiras".
Suplentes e coligações
Conforme a vontade de sete em cada dez entrevistados, cada senador deveria ter apenas um suplente, que assumiria a vaga em caráter provisório. Essa é a mesma posição aprovada pela Comissão de Reforma Política. Pela proposta, nos casos de morte, cassação ou renúncia, haveria nova eleição. O fim das coligações partidárias recebeu apoio da maioria dos eleitores das capitais (53%). Proposta nesse sentido também foi aprovada na comissão.
Fidelidade partidária e tempo de filiação
A pesquisa mostra ainda que mais da metade dos entrevistados (56%) considera que o parlamentar deve ser obrigado a ficar um tempo mínimo no partido pelo qual se elegeu. O tema será discutido na reunião desta terça-feira na comissão e já divide opiniões. Atualmente, se o eleito mudar de legenda perderá o mandato, a menos que se configure fusão do partido, criação de uma nova agremiação, desvio do programa partidário ou grave discriminação pessoal. Alguns parlamentares defendem a manutenção dessa norma, mas outros querem flexibilizar as regras a partir de 2014.
Também estão divididas, na comissão, as opiniões sobre exigência de moradia na circunscrição eleitoral pelo prazo mínimo de um ano antes do pleito, como condição de elegibilidade. Mas, para a maioria dos entrevistados (58%), esse prazo é muito curto. Uma fatia pouco menor (50%) também considera muito curto o tempo mínimo de um ano de filiação partidária, necessário para que um político possa se candidatar, conforme previsto na legislação atual. Já 40% consideram esse um prazo adequado.