“Sempre que precisou fazer uma opção entre o país e o partido, o PT ficou com o PT.” É assim, armado até os dentes, que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) sobe nesta quarta-feira à tribuna para fazer um discurso que não é voltado para dentro do Congresso, mas para fora, para os eleitores sentirem que há espaço para a oposição. Por isso, será duro. O senador estreia na tribuna como líder da oposição, mas não pretende assumir o papel de fazer ofensas e ataques pessoais, tanto que vai reconhecer que o Brasil é hoje melhor do que era. Só que os pilares para esta situação foram plantados desde o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Aécio vai buscar na história recente da redemocratização brasileira os argumentos para sua tese principal. Lembrará que nos momentos mais decisivos o PT esteve contra. Vai citar as expulsões dos então deputados petistas Bete Mendes e Ayrton Soares, porque votaram a favor da vitoriosa candidatura de Tancredo Neves no colégio eleitoral, que pôs fim ao ciclo do regime militar.
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Vai destacar que o fato se repetiu em outro momento delicado para o país, no impeachment do ex-presidente e do hoje senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Na época, a hoje deputada Luíza Erundina (PSB-SP) foi expulsa, porque aceitou ser ministra de Itamar Franco, quando ele assumiu a Presidência da República.
Além dos fatos políticos, o senador mineiro pretende citar outras ocasiões em que o PT preferiu jogar no time do “quanto pior, melhor”, porque já tinha lançada a candidatura de Lula à Presidência da República. Um dos exemplos é o lançamento do Plano Real, que os petistas condenaram com veemência. Os outros são o combate à modernização da economia, as manifestações contra as privatizações, as críticas ao Proer, que, na avaliação dos tucanos, evitou uma quebradeira de bancos.
E vai lembrar que Dilma Rousseff está no nono ano de mandato do PT no Palácio do Planalto e que não tem mais como alegar que é obrigada a administrar uma “herança maldita”. Pelo menos, lembra Aécio, ela não é tucana.
Contradições
Depois de passear pela história radical do PT na oposição, o senador vai destacar as contradições do partido no exercício do poder. Vai mirar a metralhadora giratória no comportamento do partido nas eleições do ano passado, quando pintaram um quadro cor de rosa para a economia brasileira. Vai falar do risco da inflação sair do controle, tanto que o Banco Central já subiu as taxas de juros, vai bater firme no risco de a indústria nacional perder competitividade.
Os gargalos para o desenvolvimento nacional são objeto da abordagem de Aécio. Ele diz que o Brasil está no fim da fila neste aspecto entre 20 outros países de perfil semelhante. Citará, por exemplo, que a energia é alvo de mais de 10 taxas e impostos, que o saneamento passa longe de boa parte dos municípios brasileiros. Além da falta de infra-estrutura, vai bater forte na questão tributária, que tira a competitividade das empresas nacionais.
Intervenção na Vale
O senador Aécio Neves vai atacar também o que chama de “absurda” intervenção feita pelo governo na Vale, para a substituição de Roger Agnelli por Murilo Ferreira, apesar dos ótimos resultados da empresa nos últimos anos. É, segundo ele, uma espécie de reestatização em uma empresa que é símbolo de uma privatização bem-sucedida.
Também a intervenção nas agências reguladoras será alvo do tucano. Ele vai citar os exemplos da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que deveriam ter total independência para cumprir o papel de defesa do consumidor e estão sendo obrigadas a atender aos interesses do governo.
Críticas com proposta concreta
Com números fortes, o senador vai encerrar a sua estreia, digamos assim, na tribuna do Senado com uma agenda propositiva. Vai destacar que estados e municípios tinham, no final de 2002, antes da posse de Lula na Presidência da República, 27% do bolo tributário. Hoje, esta participação está reduzida a 19,4%. Aécio vai apresentar proposta para criar um gatilho em que, toda as vezes em que o governo federal isentar IPI e Imposto de Renda, terá que compensar estados e municípios com outros tributos.
Vários prefeitos, principalmente de Minas Gerais, estarão presentes hoje em Brasília, já que o senador mineiro vai bater muito na tecla na questão municipalista, de maior autonomia às prefeituras, hoje dependentes de aportes e de verbas federais para tocarem obras em seus estados.
O líder tucano vai também pisar no calo dos governistas ao insistir na regulamentação da PEC 29, que destina recursos à saúde. A ideia dá urticária no Palácio do Planalto e na equipe econômica. Também nesta linha, vai insistir com a desoneração das exportações, da folha de pagamento e dos impostos sobre os salários dos trabalhadores, por exemplo, com correção da tabela do Imposto de Renda.
O objetivo do senador mineiro com o discurso de hoje , e daí a expectativa tanto na oposição quanto entre os governistas, é resgatar o papel da oposição no Brasil de hoje, construir uma nova agenda para o país e tentar diminuir, com uma ação política coordenada, a enorme vantagem que a base do governo tem no Congresso.
Aécio vai buscar na história recente da redemocratização brasileira os argumentos para sua tese principal. Lembrará que nos momentos mais decisivos o PT esteve contra. Vai citar as expulsões dos então deputados petistas Bete Mendes e Ayrton Soares, porque votaram a favor da vitoriosa candidatura de Tancredo Neves no colégio eleitoral, que pôs fim ao ciclo do regime militar.
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Vai destacar que o fato se repetiu em outro momento delicado para o país, no impeachment do ex-presidente e do hoje senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Na época, a hoje deputada Luíza Erundina (PSB-SP) foi expulsa, porque aceitou ser ministra de Itamar Franco, quando ele assumiu a Presidência da República.
Além dos fatos políticos, o senador mineiro pretende citar outras ocasiões em que o PT preferiu jogar no time do “quanto pior, melhor”, porque já tinha lançada a candidatura de Lula à Presidência da República. Um dos exemplos é o lançamento do Plano Real, que os petistas condenaram com veemência. Os outros são o combate à modernização da economia, as manifestações contra as privatizações, as críticas ao Proer, que, na avaliação dos tucanos, evitou uma quebradeira de bancos.
E vai lembrar que Dilma Rousseff está no nono ano de mandato do PT no Palácio do Planalto e que não tem mais como alegar que é obrigada a administrar uma “herança maldita”. Pelo menos, lembra Aécio, ela não é tucana.
Contradições
Depois de passear pela história radical do PT na oposição, o senador vai destacar as contradições do partido no exercício do poder. Vai mirar a metralhadora giratória no comportamento do partido nas eleições do ano passado, quando pintaram um quadro cor de rosa para a economia brasileira. Vai falar do risco da inflação sair do controle, tanto que o Banco Central já subiu as taxas de juros, vai bater firme no risco de a indústria nacional perder competitividade.
Os gargalos para o desenvolvimento nacional são objeto da abordagem de Aécio. Ele diz que o Brasil está no fim da fila neste aspecto entre 20 outros países de perfil semelhante. Citará, por exemplo, que a energia é alvo de mais de 10 taxas e impostos, que o saneamento passa longe de boa parte dos municípios brasileiros. Além da falta de infra-estrutura, vai bater forte na questão tributária, que tira a competitividade das empresas nacionais.
Intervenção na Vale
O senador Aécio Neves vai atacar também o que chama de “absurda” intervenção feita pelo governo na Vale, para a substituição de Roger Agnelli por Murilo Ferreira, apesar dos ótimos resultados da empresa nos últimos anos. É, segundo ele, uma espécie de reestatização em uma empresa que é símbolo de uma privatização bem-sucedida.
Também a intervenção nas agências reguladoras será alvo do tucano. Ele vai citar os exemplos da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que deveriam ter total independência para cumprir o papel de defesa do consumidor e estão sendo obrigadas a atender aos interesses do governo.
Críticas com proposta concreta
Com números fortes, o senador vai encerrar a sua estreia, digamos assim, na tribuna do Senado com uma agenda propositiva. Vai destacar que estados e municípios tinham, no final de 2002, antes da posse de Lula na Presidência da República, 27% do bolo tributário. Hoje, esta participação está reduzida a 19,4%. Aécio vai apresentar proposta para criar um gatilho em que, toda as vezes em que o governo federal isentar IPI e Imposto de Renda, terá que compensar estados e municípios com outros tributos.
Vários prefeitos, principalmente de Minas Gerais, estarão presentes hoje em Brasília, já que o senador mineiro vai bater muito na tecla na questão municipalista, de maior autonomia às prefeituras, hoje dependentes de aportes e de verbas federais para tocarem obras em seus estados.
O líder tucano vai também pisar no calo dos governistas ao insistir na regulamentação da PEC 29, que destina recursos à saúde. A ideia dá urticária no Palácio do Planalto e na equipe econômica. Também nesta linha, vai insistir com a desoneração das exportações, da folha de pagamento e dos impostos sobre os salários dos trabalhadores, por exemplo, com correção da tabela do Imposto de Renda.
O objetivo do senador mineiro com o discurso de hoje , e daí a expectativa tanto na oposição quanto entre os governistas, é resgatar o papel da oposição no Brasil de hoje, construir uma nova agenda para o país e tentar diminuir, com uma ação política coordenada, a enorme vantagem que a base do governo tem no Congresso.