Brasília – Na guerra contra o PT para evitar a aprovação da lista fechada nas eleições proporcionais, o PSDB se movimenta para aprovar no Congresso a convocação de um referendo para derrubar a intenção do governo em alterar o sistema eleitoral. Os tucanos apostam que a população rejeitará o modelo de voto com lista de postulantes definida pelos partidos, pois o brasileiro vota em candidatos e não em legendas, e o formato resultaria em uma eleição “sem povo”. “Se o governo aprovar voto em lista, teremos que propor referendo. Quero ver se eles defenderão isso (lista fechada) nos palanques”, afirmou o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP).
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Comissão do Senado aprova fim das coligações nas eleições proporcionaisTucanos precisam de mudança de geração e discurso para sobreviver, diz 'Economist'Para enfrentar a pressão dos petistas – que lutam pelo sistema de listas fechadas e financiamento público de campanha –, o PSDB decidiu se unir para que os pontos da reforma tornem-se bandeiras do partido. Ontem, os tucanos promoveram seminário para debater posição do partido sobre os temas em discussão no Congresso. O presidente da sigla, deputado Sérgio Guerra (PE), afirmou que após o fim das discussões na Comissão de Reforma Política o PSDB promoverá reunião da executiva para discutir pontos de consenso. Os tucanos pretendem levar temas como o voto distrital, o fim das coligações e a manutenção das listas abertas para o horário de televisão reservado ao partido, com a finalidade de atingir a população que votará no referendo. “Encerrado o trabalho da comissão, vamos eleger dentro das propostas quatro ou três itens que possam unir o partido. Serão teses do ponto de vista partidário, para colocar no programa”, afirmou o senador Aécio Neves (PSDB-MG), após o seminário.
José Serra (PSDB-SP) pontuou que a luta envolvendo mudanças no sistema eleitoral não é uma disputa “governo e oposição”, mas um “corte” do PT. O ex-governador de São Paulo defendeu o voto distrital para municípios com mais de 200 mil habitantes nas eleições de 2012. Aécio, no entanto, aponta para a necessidade de um período de carência para que as novas regras entrem em vigor. “Defendo a carência de uma eleição para entrar em vigor.”
O presidente da Comissão de Reforma Política, senador Francisco Dornelles (PP-RJ), apresentará sumário executivo com os temas aprovados para o grupo ao presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). A partir dos itens será elaborado o texto que será votado primeiro na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e depois no plenário.
Cotas
Na lista de itens do sumário executivo estará a mudança aprovada ontem pela comissão que institui cotas de 50% para mulheres na lista de candidatos da eleição proporcional. Atualmente, a Justiça Eleitoral estipula que as chapas sejam compostas de 30% de candidatos do sexo feminino. As parlamentares que compõem a comissão comemoraram a aprovação, mas senadores ressaltaram a dificuldade de encontrar interessadas em concorrer e ressaltaram que muitas vezes os partidos recorrem a “candidatas-laranja” para preencher a chapa.