Há oito anos e 100 dias no poder, o PT passa por um drama complexo. Do ponto de vista político, o horizonte é calmo, com a popularidade da presidente Dilma Rousseff alta para o início de governo. O clima interno do partido, no entanto, não é tranquilo. De licença desde 22 de março, quando teve uma crise de hipertensão, José Eduardo Dutra (SE), presidente do partido, solicitou mais um período de afastamento - até a Semana Santa.
Como o assunto é tratado com muito cuidado dentro do PT e entre os amigos próximos de Dutra, as especulações são muitas.
Amigos, como o governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PC do B), e o deputado Márcio Macêdo (PT-SE), que têm mantido contato com Dutra, afirmam que ele teve um estresse fortíssimo por causa da sobrecarga de trabalho. E que eles mesmos o aconselharam “a dar um tempo” até se recuperar. “Eu sugeri que ele desligasse o telefone, porque um político gasta parte de sua vida e de suas energias ao telefone”, contou Déda.
O fato é que, com a ausência de Dutra, três movimentos estão em curso nos bastidores do PT. “A maioria tem confiança de que Dutra voltará ao comando do partido”, afirmou o deputado André Vargas (PR), secretário de Comunicação. O grupo Mensagem ao Partido, que conta com o governador do RS, Tarso Genro, procura levar o secretário-geral, Elói Pietá, para o cargo de Dutra.
O grupo ligado ao próprio Dutra pensa em outra saída, caso o afastamento dele venha a se prolongar. O chamado Construindo um Novo Brasil trabalha com o nome do senador Humberto Costa (PE). Amigo de Dutra, ele manteria a linha do atual comando e serviria para ajustar internamente a bancada do Senado. Além disso, a troca manteria a presidência da legenda com o PT do Nordeste.