Brasília – Parlamentares que deveriam estar limpando as gavetas para dar lugar aos políticos barrados pela Lei da Ficha Limpa encontraram nas estatísticas do Supremo Tribunal Federal (STF) a esperança de ficar mais tempo no poder. Isso porque nos últimos anos as publicações dos acórdãos têm demorado em média mais de um ano para acontecer. Sem o resumo dos julgamentos publicados, as decisões não começam a valer. Por causa dessa demora, deputados e senadores que foram diplomados graças à impugnação dos concorrentes mais votados fazem as contas e acreditam poder estender a permanência no Congresso, apesar da determinação judicial de que a lei só poderia barrar candidatos a partir de 2012.
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A defesa dos parlamentares que assumiram as vagas de políticos barrados ainda acredita que a morosidade normal no ritmo de publicação dos acórdãos pode ser agravada pela defesa que alguns dos ministros que relatam casos referentes à Lei da Ficha Limpa fizeram da norma. Nos bastidores, acredita-se que alguns relatores – por acreditar que os políticos deveriam ser barrados já no pleito deste ano – não devem ter pressa em redigir e publicar os acórdãos da decisão, adiando ao máximo a diplomação dos candidatos que foram barrados.
O clima dos parlamentares que deveriam entregar as vagas que ocupam a concorrentes em nada se parece com o dia seguinte da decisão do STF, quando a maioria dos ministros decidiu que a lei só poderia valer a partir de 2012. Depois de dias nervosos e uma procura alucinada por brechas jurídicas capazes de fazê-los continuar na briga pelo cargo, deputados e senadores agora tentam aproveitar ao máximo o tempo de mandato e alguns já avisaram a correligionários que estão certos de que vão ficar no poder mais tempo do que indicavam as previsões iniciais.