Jornal Estado de Minas

Parlamentares reagem a plebiscito sobre desarmamento

Luisa Brasil
A proposta de um plebiscito para decidir sobre a proibição da venda de armas no Brasil, apresentada ao Congresso nesta terça pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), provocou reações de parlamentares. O líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), disse que a decisão de realizar um plebiscito não resolve o problema da violência e que a proposta de rever a comercialização de armas tem um ''foco equivocado''. ''A questão não é tirar a arma de fogo do homem de bem, mas tirar a arma de fogo do marginal'', disse o democrata.
Para o senador, a legislação brasileira já cumpre seu papel de restringir a compra e o porte de armas. ''Ninguém pode comprar uma arma para se divertir. Para obter o porte, tem que ir à Polícia Federal, fazer psicotécnico. É uma das legislações mais rigorosas do mundo'', afirmou.

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Sarney anunciou nesta terça que a matéria tramitará em regime de urgência no Senado. De acordo com o texto da proposta apresentada, os brasileiros voltariam às urnas para decidir sobre o comércio de armas no dia dois de outubro deste ano. Para ser protocolada na Mesa Diretora da Casa, a proposta precisa de 27 assinaturas de senadores. Para virar lei, deverá ser aprovada nos plenários da Câmara e do Senado.

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) também se manifestou contra um plebiscito. Pelo Twitter, ele disse que, mesmo sendo favorável ao desarmamento, discorda de realização de uma nova consulta pública. '' A maioria se manifestou contra em 2005. E a nós cabe respeitá-la.", afirmou o deputado, que foi coordenador da Frente Brasil Sem Armas durante a campanha que precedeu o referendo de 2005.

Entenda

Em 2005, um referendo popular consultou a população brasileira sobre a proibição do comércio de armas no Brasil. A pergunta feita era se o comércio de armas de fogo deveria ser proibido no Brasil. Na ocasião, o voto ''não'' ganhou.

O massacre que deixou 12 crianças mortas em uma escola de Realengo, no Rio de Janeiro, na última semana, reacendeu as discussões sobre o tema e vários políticos passaram a defender a revisão da legislação sobre o assunto no país.