O ex-presidente Emílio Garrastazú Médici, que governou o Brasil entre 1969 e 1974, poderia ter sido vítima de um atentado no Rio de Janeiro, durante a visita de seu colega argentino, Alejandro Lanusse. Um documento secreto produzido pelos militares brasileiros mostra que o plano estava sendo orquestrado por um grupo esquerdista chileno, auxiliado por brasileiros no exílio. O informe, que também foi repassado para a Polícia Federal da Argentina, está entre os mais de 35 mil papéis que o Centro de Informação e Segurança da Aeronáutica (Cisa) doou ao Arquivo Nacional, em Brasília.
A primeira informação sobre o suposto atentado foi dada pelas autoridades argentinas em 2 de março de 1972. “Grupo de bandidos e asilados brasileiros no Chile estaria empenhado na perpetração de um atentado terrorista (sequestro ou atentado à bomba) contra o presidente Médici. Tal atentado teria lugar antes da viagem do presidente Lanusse ao Brasil”, diz a mensagem enviada de Buenos Aires. O alerta foi dado pelo coordenador de operações do II Exército à chefia do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de São Paulo e depois difundido para as áreas mais estratégicas do governo.
O suposto atentado seria executado por uma pessoa que estava asilada ou refugiada no Chile, segundo documentos secretos do Cisa. Ele só retornaria ao Brasil para praticar a “missão terrorista seletiva”, como classificaram os agentes da área de informação do governo. O grupo estrangeiro que daria apoio seria o Movimento de Izquierda Revolucionário (MIR), do Chile. Não há entre os papéis referências ao desfecho do caso ou se algum dos envolvidos chegou a ser preso. Os nomes constam no informe secreto, mas estão tarjados, ilegíveis, uma prática adotada pelo Arquivo Nacional.
O acervo do Cisa entregue esta semana tem mais de 35 mil documentos, ou cerca de 150 mil papéis que mostram vários momentos da vida brasileira. Contempla o período entre 1964, depois do golpe militar, e os anos 1990. Um relatório da Secretaria de Inteligência da Aeronáutica, por exemplo, faz elogios ao então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, que pouco depois seria eleito presidente da República. “O sociólogo tem um currículo invejável, todo construído na esquerda e na oposição aos governos pós 1964”, indica um documento produzido em 12 de janeiro de 1994. O relatório — que deveria ser entregue ao então ministro da Aeronáutica — também faz um contraponto sobre as contradições de FHC como senador e como integrante do Executivo.
Monitor
Outros documentos mostram o monitoramento de grupos esquerdistas do regime militar. Todos os nomes de integrantes estão tarjados. Um dos casos é uma avaliação dos documentos apreendidos em um dos “aparelhos” (sedes) da Var-Palmares — organização a qual a presidente Dilma Rousseff pertencia —,no Rio Grande do Sul, em agosto de 1970. Outro arquivo, mais robusto, explica como o grupo agia, mas não há a revelação de nomes. Também constam do acervo arquivos incompletos ou mensagens sem relevância que estavam guardadas há décadas.
A primeira informação sobre o suposto atentado foi dada pelas autoridades argentinas em 2 de março de 1972. “Grupo de bandidos e asilados brasileiros no Chile estaria empenhado na perpetração de um atentado terrorista (sequestro ou atentado à bomba) contra o presidente Médici. Tal atentado teria lugar antes da viagem do presidente Lanusse ao Brasil”, diz a mensagem enviada de Buenos Aires. O alerta foi dado pelo coordenador de operações do II Exército à chefia do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de São Paulo e depois difundido para as áreas mais estratégicas do governo.
O suposto atentado seria executado por uma pessoa que estava asilada ou refugiada no Chile, segundo documentos secretos do Cisa. Ele só retornaria ao Brasil para praticar a “missão terrorista seletiva”, como classificaram os agentes da área de informação do governo. O grupo estrangeiro que daria apoio seria o Movimento de Izquierda Revolucionário (MIR), do Chile. Não há entre os papéis referências ao desfecho do caso ou se algum dos envolvidos chegou a ser preso. Os nomes constam no informe secreto, mas estão tarjados, ilegíveis, uma prática adotada pelo Arquivo Nacional.
O acervo do Cisa entregue esta semana tem mais de 35 mil documentos, ou cerca de 150 mil papéis que mostram vários momentos da vida brasileira. Contempla o período entre 1964, depois do golpe militar, e os anos 1990. Um relatório da Secretaria de Inteligência da Aeronáutica, por exemplo, faz elogios ao então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, que pouco depois seria eleito presidente da República. “O sociólogo tem um currículo invejável, todo construído na esquerda e na oposição aos governos pós 1964”, indica um documento produzido em 12 de janeiro de 1994. O relatório — que deveria ser entregue ao então ministro da Aeronáutica — também faz um contraponto sobre as contradições de FHC como senador e como integrante do Executivo.
Monitor
Outros documentos mostram o monitoramento de grupos esquerdistas do regime militar. Todos os nomes de integrantes estão tarjados. Um dos casos é uma avaliação dos documentos apreendidos em um dos “aparelhos” (sedes) da Var-Palmares — organização a qual a presidente Dilma Rousseff pertencia —,no Rio Grande do Sul, em agosto de 1970. Outro arquivo, mais robusto, explica como o grupo agia, mas não há a revelação de nomes. Também constam do acervo arquivos incompletos ou mensagens sem relevância que estavam guardadas há décadas.