Contrariando o PSDB, Alckmin defende o trem-bala
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, defendeu, nesta quinta-feira, a construção do Trem de Alta Velocidade (TAV), o trem-bala, que ligará Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. Em evento na capital paulista, ele ofereceu ajuda ao governo federal para a obra e destacou ser "extremamente positivo" o empreendimento ser financiado pela iniciativa privada, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
"Eu defendo a integração dos modais. O que o Estado puder ajudar o Estado vai ajudar", disse Alckmin. "O TAV é positivo, ele é bom, financiado pela iniciativa privada, com recursos do BNDES. É extremamente positivo", completou.
O discurso do governador vai na contra-mão da opinião de alguns de seus correligionários. Ontem, o PSDB nacional anunciou que entrará no Supremo Tribunal Federal (STF) com ação direta de inconstitucionalidade (Adin) contra a Medida Provisória (MP) que oferece garantia de até R$ 20 bilhões do BNDES para o consórcio vencedor do trem-bala.
Antes da aprovação da MP no Senado, o líder do PSDB Alvaro Dias (PR) considerou inconstitucional a criação da Empresa de Transportes Ferroviário de Alta Velocidade S/A para gerenciar a obra. O PSDB questiona ainda o alto volume de recursos públicos envolvidos no empreendimento privado. O senador Aloisio Nunes (PSDB-SP) avaliou ainda que a verba pública que será empenhada equivale a duas vezes o valor que deve ser aplicado na construção da hidrelétrica Belo Monte, em Rondônia.
Nesta quinta-feira, Alckmin reconheceu que cabe uma discussão sobre a criação de uma empresa estatal, mas não deu sua opinião sobre o tema. "Cabe uma discussão sobre a criação, ou não, de uma empresa estatal para fazer esse gerenciamento". Diante da insistência dos jornalistas, o governador persistiu em se esquivar do assunto.
Após reunião com o governador no Palácio dos Bandeirantes, o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, ressaltou o apoio de Alckmin ao trem-bala e lembrou que o assunto havia sido discutido com a presidente Dilma Rousseff, com a qual o tucano se reuniu no início do ano.
De acordo com Nascimento, com a aprovação da MP, a expectativa é que no mês de junho saia a licitação da obra e, assim, seja feita a concessão e tenham início os trabalhos. Segundo ele, os dois adiamentos pelos quais passou o leilão do TAV foram causados pela incerteza a respeito do financiamento do BNDES. "Com essa autorização, não deve haver mais impedimentos".