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Em discurso na China, Dilma vende Brasil estabilizado e dos direitos humanos


postado em 15/04/2011 12:13 / atualizado em 15/04/2011 12:22





Em um novo mundo multipolar, não haver espaço para modelos únicos, comentou a presidente(foto: Roberto Stuckert Filho/PR )
Em um novo mundo multipolar, não haver espaço para modelos únicos, comentou a presidente (foto: Roberto Stuckert Filho/PR )

Em um discurso durante o Fórum de Boao, sediado pela China, a presidente Dilma Rousseff citou uma longa lista de atributos do Brasil, entre eles, o Estado de direito democrático e o respeito a direitos humanos. "Existem grandes oportunidades no Brasil. Nós hoje combinamos estabilidade econômica, crescimento acelerado, projeto estratégico de desenvolvimento, ciência e tecnologia, inovação, inclusão social, Estado de direito democrático, compromisso com os direitos humanos e um profundo sentimento de auto-estima de nosso povo", disse a presidente, para um plateia de empresários, autoridades e líderes políticos, entre eles o anfitrião Hu Jintao.

A rápida menção a dois dos temas mais polêmicos da viagem foi seguida de uma referência ao fato de, em um novo mundo multipolar, não haver espaço para modelos únicos. "Não buscamos modelos únicos e unanimidades. Os consensos da história recente sob a égide do mercado, que supostamente nunca falhariam, mostraram-se frágeis como um castelo de cartas", disse.

A questão dos direitos humanos na China voltou à tona após a prisão do artista e crítico aberto do governo de Pequim Ai Wei Wei, em abril. O artista, que também usava microblogs para difundir suas idéias, foi preso após a onda de protestos em países com o Egito e a Tunísia. A prisão foi vista como um esforço do governo chinês de suprimir movimentos pró-democracia no país.

Os direitos humanos e a democracia, apesar da superficial menção do discurso, não foram o ponto central da visita de Dilma à China. Questionada a respeito durante uma coletiva ainda em Pequim, a presidente relativizou a questão. "Todo mundo tem problema de direitos humanos. Todo mundo tem problema de direitos humanos."

Desigualdade e inclusão

Na maior parte do discurso desta sexta-feira, Dilma mostrou como o Brasil tem enfrentado, com certo sucesso, dois dos principais desafios destacados pela própria China como prioridades para os próximos cinco anos: o combate à desigualdade e o incentivo do "consumo de massas capaz de sustentar o crescimento interno", nas palavras da presidente.

Ela citou os programas federais de transferência de renda e a expansão do investimento e do crédito como elementos que ajudaram a desenvolver a demanda interna. Além disso, mencionou as oportunidades para os investidores decorrentes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Copa de Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Investimentos também foram mencionados por Hu Jintao, que destacou, em seu discurso, a estratégia chinesa de internacionalização, ou seja, o aumento dos investimentos chineses no resto do mundo. Não buscamos modelos únicos e unanimidades, os consensos da história recente sob a égide do mercado que supostamente nunca falhariam mostraram-se frágeis como castelo de cartas.

Presidente Dilma Rousseff

Segundo o governo chinês, a China já é atualmente o quinto investidor estrangeiro direto no mundo e a tendência é de que esse volume, que foi de US$ 59 bilhões no ano passado, mais do que dobre nos próximos cinco anos, e alcance ou até supere o volume hoje investido por estrangeiros na China. "A China vai investir cada vez mais na Ásia e nos países emergentes", disse Hu Jintao.

Crescimento e consumo interno

Ele citou ainda outros desafios importantes do plano quinquenal para o período 2011-15, anunciado em março, como incentivar a demanda interna e buscar uma economia mais equilibrada entre o consumo interno, investimentos e exportações. Atualmente, o consumo na China tem uma participação pequena no crescimento e é o aumento desse percentual que o país tentará incentivar.

Hu Jintao disse ainda que a tendência da China é de aumentar suas importações e de buscar um equilíbrio maior da balança comercial, o que trará oportunidades para países exportarem para o mercado chinês. "A influência da Ásia no mundo vem aumentando. Foi a primeira região a se recuperar da crise e se transformou em motor para a recuperação. Está não apenas mudando o destino do seu povo, mas tendo um impacto no mundo", disse o presidente chinês.

O tema do Fórum de Boao, que está na sua 10ª edição, foi Desenvolvimento com Inclusão. Alémd e líderes regionais, outros chefes de Estado foram convidados, como os presidentes do BRICS e o premiê espanhol, José Luis Zapatero. De Boao, no sul da China, Dilma dá continuidade à sua agenda nesta sexta-feira na cidade de Xi'an, onde visitará a ZTE, uma das empresas que anunciaram investimentos no Brasil. A presidente parte para o Brasil no sábado.


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