A Justiça Federal em Presidente Prudente (SP) aceitou denúncia oferecida pelo Ministério Público contra José Rainha Júnior, um dos principais líderes da luta pela reforma agrária na região, por desvio de verbas destinadas a assentamentos no Pontal do Paranapanema. Outras oito pessoas são acusadas do mesmo crime. De acordo com investigação da Polícia Federal (PF), uma verba de R$ 212 mil depositada na conta da Associação Amigos de Teodoro Sampaio para ser investida nos assentamentos foi parar em contas pessoais dos envolvidos. O rastreamento da PF mostrou que, no dia 24 de fevereiro de 2009, o dinheiro público foi transferido para a conta da Cooperativa de Produção de Biodiesel do Oeste Paulista (Cooperbioeste). Cinco dias depois, a cooperativa emitiu seis cheques e depositou os valores, totalizando os R$ 212 mil, em contas bancárias de pessoas ligadas a José Rainha. Uma funcionária do Banco do Brasil de Teodoro Sampaio confirmou que o líder sem-terra estava presente na agência com outros integrantes da entidade quando o dinheiro foi transferido para a conta da cooperativa. A Justiça mandou ofício ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) determinando o não repasse de recursos públicos às duas entidades. Também determinou a adoção de medidas para repor o patrimônio público. A reportagem tentou contato telefônico com as duas entidades, mas ninguém atendeu. Rainha disse que não faz e nunca fez parte da Cooperbio e da Associação Amigos de Teodoro Sampaio. "Vou esperar ser intimado, pois desconheço do que me acusam". Rainha é dissidente do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e com seu grupo protagonizou 37 invasões de fazendas no oeste paulista, durante este mês, no chamado "abril vermelho".