O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, levou neste sábado uma mensagem de solidariedade ao povo e ao governo japonês e disse que o Brasil quer participar de perto da reconstrução do país, arrasado pelo terremoto e tsunami do dia 11 de março.
"A contribuição mais significativa a médio e longo prazo será a intensificação da nossa parceria econômica, através de laços comerciais mais estreitos e de cooperação em diversas outras áreas, principalmente a tecnológica", disse o ministro.
Durante uma entrevista coletiva de imprensa, marcada por um forte tremor de 5.9 de magnitude minutos antes, o chanceler japonês, Takeaki Matsumoto, prometeu manter informado o governo brasileiro sobre o problema nuclear na usina de Fukushima para que não haja mais restrições nas importações de produtos japoneses.
"O Japão está tomando as medidas necessárias para assegurar a qualidade dos produtos japoneses", disse.
Pelo lado brasileiro, Patriota garantiu que o Brasil não está adotando medidas mais restritivas do que outros países.
O ministro explicou que o Brasil está se baseando em critérios acordados pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para restringir a importação de alguns produtos japoneses. "Nós nos dispomos a manter as medidas sob exame e inclusive enviar uma missão do Ministério da Agricultura ao Japão", sugeriu.
Exigências
O Brasil, que tem a maior população de japoneses e descendentes fora do Japão, passou a exigir que exportadores da área alimentícia incluam uma declaração da procedência do produto.
Eles precisam declarar que o nível de radiação está abaixo do limite imposto pela FAO e pela OMS. A maioria destes produtos tem como destino lojas de produtos japoneses e restaurantes. "O Brasil ofereceu vários tipos de apoio após o desastre no dia 11, e tem mostrado confiança e solidariedade ao povo e governo japonês", agradeceu Matsumoto. "Temos a plena confiança de que o Japão vai superar todas as dificuldades", reforçou Patriota.
Matsumoto já admitiu que o Japão foi lento na divulgação de informações pós-terremoto e tsunami, e que isto causou o êxodo de milhares de estrangeiros do país. Mas ele disse acreditar que a comunicação com as comunidades estrangeiras que vivem no Japão tem melhorado.
"Vamos continuar a passar informações de forma correta, apropriada e com transparência", disse, referindo-se à questão nuclear de Fukushima, cujo nível de gravidade foi elevado para 7 nesta semana, nível máximo e que se compara à tragédia de 1986 em Chernobyl.
Temas bilaterais
Os ministros também conversaram sobre a participação japonesa na licitação do trem de alta velocidade e na cooperação na área de tevê digital, cujo sistema japonês foi amplamente difundido na América Latina.
O chanceler brasileiro convidou o ministro Matsumoto para que visite o Brasil ainda este ano. "Assim, podemos dar continuidade nas conversas sobre os acordos bilaterais."
Patriota aproveitou a curta viagem para se reunir com cerca de 50 empresários e lideranças da comunidade brasileira no Japão.
Ele ressaltou que não houve registro de morte ou desaparecimento de brasileiros após a tragédia. "A comunidade foi extremamente solidária e tem prestado um apoio às vítimas do terremoto no Japão através de doações e campanhas", disse.
Segundo dados do Ministério da Justiça do Japão, cerca de 270 mil brasileiros vivem no país.