Jornal Estado de Minas

Reforma Política

PT afirma que Lula terá a missão de dialogar com base e oposição

Ex-presidente da República, Lula vai atuar como 'catalisador' das discussões - Foto: JF Diório/AE São Paulo – O presidente interino do PT, deputado estadual Rui Falcão (SP), afirmou nessa segunda-feira que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai dialogar com partidos da base aliada e da oposição por um consenso sobre a reforma política. Segundo ele, Lula será o “catalisador” para acelerar o debate. "A dinâmica de ouvir os partidos políticos vai ser dele. É claro que num primeiro momento, suponho, vai falar com os partidos da base aliada. Mas não vai excluir ninguém dos diálogos. Aliás, ele sempre dialogou com todos", declarou após reunião de líderes petistas com o ex-presidente Lula no Instituto da Cidadania, em São Paulo.
"O presidente Lula pode ser o catalisador desse amplo movimento, que não será apenas do PT. Ele quer ouvir as opiniões, ver os pontos de consenso, para a partir daí vermos as propostas no Congresso Nacional dentro de um cronograma colocado. (...) Para que a gente possa, em conjunto, votar isso no Congresso Nacional até setembro", completou Rui Falcão.

Questionado sobre se Lula poderá atuar por consenso também entre partidos de oposição, o presidente interino do PT disse: "Não só os partidos, os movimentos sociais também, centrais sindicais. Você não fará reforma política só com uma força, um partido".

De acordo com Rui Falcão, a reunião serviu também para definir um ponto de partida que guiará a legenda na definição dos diálogos sobre reforma política. Segundo ele, este ponto será a defesa do financiamento exclusivamente público das campanhas eleitorais.

"Há uma coisa neste momento que talvez una todos os partidos e entidades, que é a necessidade de baratear a campanha eleitoral e de combater a corrupção. E isso se expressa na questão do financiamento público de campanha, sem participação do financiamento privado", afirmou.

FHC x Lula Sobre a troca de farpas entre Lula e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Falcão disse que o assunto não foi tratado na reunião, mas ele deu sua opinião sobre o caso. "Não me detive a respeito disso, mas acho que tanta explicação que ele (FHC) está dando é porque tem algum problema de entendimento. Então ele que continue a se explicar, e nós (PT) continuaremos do lado do povão", declarou.

Na manhã de ontem, Fernando Henrique lançou o desafio de enfrentar Lula novamente durante entrevista a um programa de rádio. Os dois ex-presidentes se enfrentaram nas eleições de 1994 e 1998, vencidas por FHC. Em 2002 e 2006, Lula venceu disputas contra candidatos apoiados por Fernando Henrique.

"O Lula, lá de Londres, refestelado na sua vocação nova, ainda se dá ao direito de gozar que estudei tanto tempo para ficar contra o povo. Ele se esquece que eu o derrotei duas vezes e quem sabe ele queira uma terceira. Eu topo", disse.

Fernando Henrique respondeu a críticas de Lula feitas após a publicação de um artigo na revista Interesse Nacional. No artigo, FHC sugeriu ao PSDB evitar disputar com o PT a influência sobre os "movimentos sociais" ou o "povão" e priorizar a nova classe C. Em Londres, após palestra, Lula afirmou que o "povão" representa todos os brasileiros.

Resposta


O líder do PT no Senado, senador Humberto Costa (PE), disse que uma nova disputa eleitoral entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) "não teria nem graça". Ao chegar a uma reunião de líderes do partido com Lula, no Instituto da Cidadania, em São Paulo, Humberto Costa disse: “Acho que não teria nem graça se fazer essa eleição, porque Fernando Henrique é passado, o Lula ainda é uma coisa extremamente presente. Embora eu acredite que os planos dele (de Lula) não passem por mais uma eleição", afirmou o senador, que participou da reunião para debater com Lula temas da reforma política.