Brasília – Uma possível fusão entre PSDB e DEM, caso ocorra, somente será definida depois das eleições municipais de 2012. A avaliação de tucanos e democratas é de que a união das duas legendas agora seria tragada pela popularidade de início de governo da presidente Dilma Rousseff. A fuga de parlamentares do DEM para o PSD reacendeu a discussão sobre a criação de um terceiro partido a partir da junção dos dois maiores oposicionistas. A disposição inicial do governador catarinense, Raimundo Colombo, de permanecer no DEM pelo menos até 2012 deixou as articulações em banho-maria.
O futuro de Colombo é tido como um divisor de águas dentro dos planos do DEM para os próximos quatro anos. Com a iminente saída do governador, a legenda ficaria com cerca de 30 deputados e apenas o governo do Rio Grande do Norte, musculatura considerada insuficiente para influir no jogo eleitoral. Sem o governador, caciques do partido como o presidente, senador José Agripino Maia (DEM-RN), e o líder na Câmara dos Deputados, ACM Neto (DEM-BA), estariam abertos a possíveis articulações para antecipar os planos de fusão com o PSDB. "A avaliação dos líderes era de que com a saída de Colombo, o partido teria como único destino a fusão, caso contrário viraria um partido sem força. O destino seria inexorável", avalia um ex-dirigente democrata, de malas prontas para o PSD.
Entraves regionais Para os tucanos, no entanto, o mais interessante seria formalizar um acordo apenas em 2013 para tentar capitalizar a fusão nas eleições nacionais e estaduais do ano seguinte. Por isso, a legenda entrou nas conversas entre Colombo e o PSD para tentar esvaziar o acordo sobre uma mudança de partido do governador. Pelo acordo que está sendo costurado, o catarinense só mudaria de legenda depois das eleições municipais. Caso isso ocorra, o prazo servirá para que os tucanos consigam convencer a parcela mais relutante do DEM a unir as duas legendas. Embora aliados nacionais, os dois partidos não conversam em pelo menos cinco estados: Paraná, Rio Grande do Sul, Sergipe, Goiás e Rio de Janeiro.
Nesses locais, a palavra fusão é evitada a qualquer custo. "Não podemos ficar batendo cabeça. Independentemente de articulação de quem quer que seja, não vamos nos fundir", defende o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Para vários democratas, a desidratação do partido tem como principais articuladores o presidente de honra da legenda, Jorge Bornhausen, e o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. "Bornhausen faz trabalho subterrâneo, desleal, antiético. Assinou acordo de consenso em favor de Agripino e fez um jogo sujo, de descumprir palavras e riscar a própria biografia para aderir ao governo. O próprio Palocci ligou para as pessoas, e o governador de Amazonas (Omar Aziz) só assinou a filiação ao PSD depois que a presidente Dilma autorizou", dispara o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO).
Justiça
DEM, PTB, PPS e PMN resolveram se unir para montar uma estratégia jurídica contra o Partido Social Democrático (PSD), legenda criada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. O objetivo é impugnar a formação do partido quando o registro for solicitado à Justiça Eleitoral e reivindicar o mandato dos políticos que deixaram suas legendas. O PSDB, que nesta semana perdeu seis vereadores na capital paulista com chances de migrar para o PSD, pode se aliar a estes partidos na estratégia contra os futuros correligionários de Kassab. "Está tudo engatilhado e estamos esperando o momento oportuno para ingressar com as ações", revelou um assessor jurídico do DEM".Na próxima semana, os advogados do prefeito paulistano vão registrar em cartório a ata de criação do PSD. Até agora, foram colhidas quase 200 assinaturas .