Se dependesse de uma atitude altruísta da maioria dos deputados estaduais, o pagamento por presença em reuniões extraordinárias nunca acabaria. Dos 77 parlamentares da Assembleia Legislativa de Minas, 43 foram consultados nessa terça-feira pelo Estado de Minas sobre o tema. Apenas quatro – Fred Costa (PHS), Délio Malheiros (PV), Rogério Correia (PT) e Maria Tereza Lara (PT) – disseram abertamente ser contrários ao pagamento. Mesmo assim, os quatro admitiram que jamais cogitaram abrir mão dos R$ 1.002,12 por sessão. Há aqueles que se manifestaram pelo fim das reuniões extraordinárias. É o caso de Sávio Souza Cruz (PMDB), Carlin Moura (PCdoB), João Leite (PSDB), Doutor Viana (DEM), Antônio Lerin (PSB). Eles entendem que a discussão deve ser finalizada nas reuniões ordinárias. Os novatos Bruno Siqueira (PMDB) e Celinho do Sinttrocel (PCdoB) disseram ser contra nos casos de convocação em que não é votada nenhuma matéria. Hélio Gomes (PSL) diz que só é favorável se for uma convocação de urgência.
“Estou indeciso. Nunca pensei nisso antes”, desconversou Anselmo Domingos (PTC). “Não falo sobre isso”, resumiu Vanderlei Miranda (PMDB). A deputada Ana Maria Resende (PSDB) preferiu fugir da discussão. Quando soube do tema da reportagem, a tucana apressou o passo rumo à área privativa do plenário. O mesmo subterfúgio foi usado pelo deputado Gilberto Abramo (PMDB), que se absteve de falar sobre o assunto.
Com o novato Carlos Henrique (PRB) foi diferente. Ele defendeu quando questionado. “Você não recebe hora extra?” Ex-presidente da ALMG, Romeu Queiroz (PSB) foi na mesma linha. “Quando você faz extra não recebe?”, indagou à reportagem.
Entre os consultados, no entanto, o deputado Sargento Rodrigues (PDT) era o mais exaltado. Depois de dizer em entrevista ser favorável ao jeton, Rodrigues subiu no palanque da Casa para criticar a imprensa. Em tom exaltado, o pedetista denunciou sem apresentar documentos supostas irregularidades em benefícios extras que estariam sendo pagos a membros do Executivo, Judiciário e Tribunal de Contas. “Não é a Assembleia apenas que deve prestar contas à sociedade”, esbravejou ao apresentar requerimento para um debate sobre os salários dos integrantes de todos os poderes.
O estreante Doutor Wilson Batista (PSL) foi outro que defendeu com afinco o benefício extra. Médico cirurgião, ele alegou que a carreira política demanda muito tempo e, por isso, para o deputado exercer o mandato em toda a plenitude é necessário abandonar outras atividades profissionais. Por fim, argumentou não ser o momento adequado para tratar sobre o assunto porque é novato no Parlamento. “É como chegar a Roma e querer mudar o comportamento dos romanos”, argumentou.
O ex-presidente da ALMG Antônio Júlio (PMDB) engrossa o coro dos chamados legalistas. “Faz 20 anos que é pago. É um direito adquirido, mas se houver uma ordem judicial é diferente”, alegou. “Enquanto for legal não está fora da legalidade”, disparou Luiz Henrique (PSDB). “Sou a favor da lei”, justificou Deiró Marra (PR). (EF/IS/JC)