Em meio à maior crise vivida pelo DEM, principal aliado do PSDB, o senador tucano Aécio Neves (MG) busca uma aproximação com o PSD, novo partido fruto da dissidência dos democratas, que tem o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, na linha de frente. O mineiro aproveitou um jantar na segunda-feira, em Uberaba, no Triângulo Mineiro, para estreitar laços com alguns dos articuladores da legenda. Na visita, teve encontro reservado com o presidente de honra do DEM, ex-senador Jorge Bornhausen, que estaria, junto com o ex-governador José Serra (PSDB), atuando nos bastidores pela viabilização do PSD.
A conversa foi mantida em sigilo. Em parte do PSDB, a criação do partido é vista como uma tentativa de enfraquecer os democratas. Isso porque, no DEM, estaria boa parte da municão de Aécio para tentar se viabilizar como candidato da oposição à Presidência. O mineiro tem a preferência da maioria dos caciques do DEM, que não querem correr o risco de enfrentar uma terceira derrota de José Serra ao Palácio do Planalto.
Atuando nos bastidores, Bornhausen confirmou nessa terça-feira que não vai se filiar ao novo partido de Kassab, ao contrário do filho, o vice-presidente do DEM, Paulo Bornhausen, que anunciou sua mudança junto com o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo. O pai não quis revelar o teor da conversa com Aécio. Segundo Jorge Bornhausen, foi apenas um encontro amigável e ele estaria “aposentado”.
Antigo aliado de Serra, o ex-senador estaria entre os que, agora, defendem Aécio como nome forte da oposição para a disputa de 2014. Jorge Bornhausen, no entanto, evita assumir uma posição. “Encerrei minha carreira política e agora vou encerrar a parte partidária eleitoral. Não tenho que defender ninguém como candidato. Isso quem tem que fazer são os partidos de oposição”, afirmou.
De acordo com o anfitrião, deputado federal Marcos Montes (DEM-MG), o jantar em Uberaba foi apenas social. Participaram a senadora Kátia Abreu (TO), o governador Antonio Augusto Anastasia (PSDB) e outros políticos mineiros.
Aécio já havia buscado uma aproximação com Kassab. Na comemoração do Primeiro de Maio em São Paulo, havia declarado “apreço” pelo prefeito. Os dois estiveram no palanque com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). A sangria no DEM vem ocorrendo desde o início do ano e se agravou com o anúncio de seu principal nome em cargo executivo, Kassab, de que deixaria os quadros da legenda. Em março, o senador José Agripino Maia (RN) foi eleito presidente da sigla, na tentativa de acalmar a situação. Ainda assim, a expectativa é de que, ao fim, o DEM perca cerca de 15 parlamentares.