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Estado de Minas

Marcha à Brasília deve reunir cerca de 2,2 mil prefeitos

Prefeitos chegam hoje a Brasília para a 14ª Marcha mais uma vez com o pires na mão e a mesma pauta na bagagem.


postado em 10/05/2011 06:00 / atualizado em 10/05/2011 07:32

Sem muitas perspectivas, mais uma vez de mãos estendidas e com uma pauta repetida em grande parte, cerca de 2,2 mil prefeitos desembarcam nesta terça-feira em Brasília para a 14ª Marcha em Defesa dos Municípios. O encontro anual, que em períodos não eleitorais costuma atrair menos público, tem desmobilizado os principais interessados. O motivo, segundo alegam chefes de Executivo, é a falta de retorno para as principais demandas. Como exemplo, eles citam a regulamentação da emenda que determina os gastos mínimos com a Saúde e o aumento do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).


Ano após ano, prefeitos de todo o Brasil se reúnem na capital com duas grandes expectativas: resolver pendências antigas que beneficiariam todos os municípios e voltar com a notícia de repasses imediatos de verba para suas cidades. A esperança, no entanto, não tem saído do imaginário deles: questionados pelo Estado de Minas sobre as conquistas de marchas anteriores, prefeitos só conseguiram se lembrar de três retornos de maior impacto na rotina do Executivo. São elas: a reposição de parte das perdas do FPM depois de a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); o adicional de 1% do FPM para ajudar as prefeituras a pagar o 13º salário; e o aumento do repasse para merenda escolar.


Diante da pauta extensa e repetitiva, chefes de Executivo não depositam muita expectativa no encontro deste ano. “Há um cansaço muito grande entre os prefeitos. Sentimos que nada sai do lugar. Queremos apresentar uma pauta mais clara e objetiva ao governo federal, com novas propostas”, diz o presidente da Associação Mineira de Municípios, Ângelo Roncalli (PR), prefeito de São Gonçalo do Pará, que leva como sugestão inédita o fim das emendas parlamentares. A impressão é compartilhada pelo ex-presidente da mesma associação, José Milton de Carvalho (PSDB), que comanda Conselheiro Lafaiete: “Acredito que 90% da pauta da marcha é repetida”.


Prefeito de Itabirinha, Aurélio Cézar (PSDB) já participou de outras seis edições da marcha. “Algumas promessas surgem do encontro, mas geralmente o governo federal não cumpre o prazo. É decepcionante”, comenta. Ele precisou desmarcar na última hora sua presença no evento deste ano. Além da falta de novidades, pesou outro problema: os gastos com a participação são altos. “Afiliado da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) não paga inscrição, mas os custos com hotel e passagem aérea ficam por conta da prefeitura. Ficou apertado”, afirma, lamentando também a repetição das demandas.


Já em 1998, na estreia do movimento, os chefes de Executivo reivindicavam a elevação do FPM. Naquele ano, eles pediam também a municipalização dos recursos do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), arrecadado pelos estados, e a renegociação das dívidas municipais com a União (item que também nunca sai de pauta). No entanto, os prefeitos não conseguiram audiência com o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e reclamaram muito por terem sido recebidos pela tropa de choque da Polícia Militar.


Segundo a CNM, na edição inicial, estiveram presentes cerca de 1 mil prefeitos. Mas o tempo mostrou que o maior interesse na participação nas marchas são nos períodos eleitorais, quando candidatos a presidência e aos governos estaduais e municipais marcam presença junto aos prefeitos e aproveitam o momento para ganhar visibilidade e apoio político em várias regiões do país.

Luta Diária

Para o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, ao se dizerem desanimados com a marcha, os prefeitos se esquecem de conquistas anteriores. “Costumo dizer aos prefeitos que, se vêm com o objetivo de voltar com dinheiro no bolso, não precisam nem comparecer. Nossas lutas são dia após dia. Em 2008, conseguimos que o Senado aprovasse a regulamentação da Emenda 29, que determina os gastos com a saúde. Agora, a nossa luta é para que a Câmara dos Deputados também a aprove. Quando sair, será uma grande conquista”, afirma, destacando que em seu mandato conseguiu “R$ 101 bilhões” em benefícios para as cidades. “Prefeitos reclamam porque só pensam nos ganhos durante seu período de governo.”


Segundo Ziulkoski, as principais pautas da marcha este ano são o que a União ainda deve pagar aos municípios em repasses, os royalties do petróleo e a regulamentação da Emenda 29. O evento ocorre até quinta-feira e deve reunir 4,4 mil pessoas, entre prefeitos, vereadores, servidores públicos e representantes dos governos. O tema é Brasil: uma federação incompleta.

 

 

O que já foi conquistado

 

Adicional no Fundo de Participação dos Municípios (FPM)
Em 2007, o movimento municipalista comemorou a aprovação da Emenda Constitucional 53/07, que determinou o pagamento adicional de 1% do FPM repassados para as prefeituras a partir de dezembro de 2008. O montante, que supera R$ 2 bilhões distribuídos aos municípios anualmente, ajudou na organização dos orçamentos municipais, garantindo o cumprimento de responsabilidades, como o pagamento do 13º aos servidores.


Isenção do IPI
Para compensar as perdas dos municípios com a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) durante a crise econômica de 2008/2009, Lula autorizou o repasse de R$ 2,5 bilhões para as prefeituras Em setembro de 2009, foram registradas as menores arrecadações dos municípios e a medida ajudou a evitar o endividamento de muitas prefeituras.

Aumento de recursos em transporte e merenda escolar
Em dezembro de 2009, o Ministério da Educação anunciou um aumento de 37% nos valores repassados aos municípios para transporte e merenda escolar. Os recursos beneficiaram municípios mais pobres e com alunos da zona rural. O cálculo para o repasse subiu de R$ 0,22 para R$ 0,30 por dia para cada aluno matriculados em turmas de pré-escola, ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e alunos. 

Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins)
Em 2009, durante a 12ª Marcha, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou decreto que autoriza a compensação financeira entre o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS), aliviando a folha de pagamento dos municípios com os gastos para servidores públicos. 


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