O ex-governador de São Paulo e candidato à presidência da República derrotado em 2010 José Serra (PSDB) disse que o governo de Dilma Rousseff (PT), iniciado em janeiro, recebeu uma "herança maldita" do antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e tem se mostrando "hesitante". Ele conversou com jornalistas nesta quarta-feira, na sede da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul). "Inflação, desindustrialização, um atraso monumental nas obras de infraestrutura, e ao mesmo tempo questões que ficam pendentes como, no caso da saúde ou das drogas, onde inclusive se abriram mais as fronteiras para o contrabando de drogas e armas", enumerou o tucano, referindo-se aos problemas que Lula teria deixado e Dilma ainda não teria resolvido. Assumindo um discurso contrário ao Palácio do Planalto, Serra reiterou que a oposição não tem a responsabilidade de governar, mas de "apontar problemas e exigir que se cumpram as coisas que haviam sido ditas antes". Admitiu, no entanto, que a oposição está "engatinhando" nas suas tarefas de fiscalizar, cobrar e sugerir. Ao mesmo tempo, Serra evitou comentar a análise do ex-presidente do DEM, Jorge Bornhausen, de que "há um vácuo de liderança na oposição", exposta em entrevista publicada hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo, alegando não ter lido o texto. "Você não decide 'vamos ter um líder' e elege um líder, isso só acontece na prática", afirmou, diante da insistência dos jornalistas.