Mesmo antes da votação final do Código Florestal no Congresso Nacional, que será feita no Senado, as negociações do texto do projeto tiveram como efeito imediato uma série de ruídos entre a bancada ruralista e o ministro da Agricultura, Wagner Rossi. Os parlamentares ficaram descontentes com a estratégia utilizada pelo ministro e avaliam que ele abriu concessões demais em relação ao relatório inicial de Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Além disso, avaliam que faltou um diálogo aberto com a bancada. O ministro, que defendeu desde o início das negociações deixar as polêmicas para o plenário da Câmara, preferiu seguir a orientação do Palácio do Planalto e não externar as divergências. Para os ruralistas, o movimento acabou pendendo a balança para o Ministério do Meio Ambiente.
A bancada ruralista ficou especialmente irritada com o recuo na questão das anistias a quem desmatou antes de 2008 — ano da promulgação da Lei de Crimes Ambientais. Homem de confiança do vice-presidente Michel Temer, Rossi alega que a busca por consenso, sem exposição das divergências internas, era uma exigência do Planalto. “Quando o governo decidir o que é o texto de consenso, nós acataremos com lealdade. Os ministros Luiz Sérgio e Palocci estão seguindo nessa articulação. O governo tem uma questão de procedimento. Eventuais problemas que se manifestarem serão acertados no Senado”, disse Rossi.
O ministro afirmou que a indefinição na votação do Código Florestal tem afetado o setor agrícola, porque pequenos e médios produtores aguardam o fim da tramitação da proposta para retomar os investimentos. “É preciso resolver essa questão do código, porque isso gera insegurança no campo, principalmente em relação aos pequenos produtores. A votação é fundamental para a segurança jurídica e para a volta dos investimentos. Os produtores não se sentem seguros para ampliar as atividades”, defendeu o ministro.