Um prédio histórico de encontros da resistência estudantil em Belo Horizonte durante a ditadura militar, o antigo ''coleginho'' da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no Bairro Santo Antônio, reuniu, neste sábado, centenas de militantes, políticos e membros da Associação dos Amigos do Memorial da Anistia. Em manifestação, os participantes fizeram um apelo em favor da entrega da sede nacional do Memorial da Anistia Política, anunciada há dois anos pelo Ministério da Justiça. Segundo o ex-vereador e membro do Comitê de Implantação do Memorial, Betinho Duarte, o local simboliza a luta do país contra a repressão. "O memorial vai ser um patrimônio não só de Belo Horizonte, mas de todo o Brasil. São cinco milhões de pessoas envolvidas diretamente na ditadura e que merecem essa representação", afirma.
O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), destacou a importância simbólica do prédio da antiga Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da UFMG na luta contra a ditadura. "Demos todo o apoio desde o primeiro momento em que foi debatida a questão do memorial. A Prefeitura colaborou com a questão da área do terrenoe com o licenciamento para as obras", completou.
A reforma do antigo teatro está parada, mesmo com um investimento de R$ 5 milhões liberado pelo governo federal. O projeto consiste na recuperação do imóvel, a construção de um anexo administrativo e uma praça para integrar os 3,8 mil metros quadrados de área.
Em abandono, o local dá espaço ao lixo depositado a céu aberto e o único sinal de reforma é o telhado, que foi trocado com o travamento da madeira. Na entrada do antigo casarão, há tapumes de isolamento. De acordo com o cronograma oficial, o prédio anexo onde funcionaria o centro adminstrativo também já deveria ter sido entregue, mas não há previsão para a inuaguração. Segundo a UFMG, a obra está sendo realizada em parceria com o governo federal e a Prefeitura de Belo Horizonte.
Após a recuperação, o casarão principal abrigará um museu com espaço para exposições e o centro de documentação, com capacidade para o acervo de mais de 60 mil processos de indenização da Comissão da Anistia Política, dossiês administrativos, fotos, imagens, relatos, testemunhos, livros, áudios e vídeos relativos aos períodos de repressão, entre 1946 e 1988.