Brasília – Uma vez aprovada no Senado, a proposta de emenda à Constituição que muda a tramitação de medidas provisórias também pode ter prioridade na Câmara dos Deputados. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), informou que pretende se reunir com o presidente daquela Casa, deputado Marco Maia (PT-RS), para pedir que ela tramite com prioridade também na Câmara.
“Nós tínhamos feito um entendimento anterior em relação aos prazos destinados ao Senado e, agora, nós tivemos algumas modificações e elas só podem ser feitas em acordo com a Câmara. Vamos tentar ver se conversamos com o presidente Marco Maia e com as lideranças dos partidos na Câmara”, disse Sarney.
Os senadores aprovaram o substitutivo do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que, na prática, impõe regras mais rígidas para a análise e a tramitação das medidas no Legislativo, com a intenção de regular a edição desenfreada desse tipo de proposta pelo governo federal. “Se não demos o passo gigante que gostaríamos, demos um passo consistente para a construção de um futuro com maior isonomia entre as instituições. Temos a expectativa de que o próprio Executivo compreenda que a MP é instrumento necessário, mas excepcional”, disse Aécio na quinta-feira.
Prazo
Entre as mudanças promovidas pela proposta, está a definição do prazo de tramitação das medidas provisórias em cada Casa. Atualmente, uma MP tem 120 dias para tramitar no Congresso Nacional, sendo que a maior parte deste tempo é gasta na análise feita pelos deputados. De acordo com o novo projeto, a Câmara passará a ter 50 dias para analisar cada medida, e o Senado, 45.
Caso a MP não seja aprovada dentro desses prazos, ela perderá a validade, sendo arquivada automaticamente. Se os senadores emendarem a medida provisória, ela retornará à Câmara por mais 15 dias para análise das emendas. Sarney acredita que a mudança não encontrará resistência na Câmara.
“O que o Senado está reivindicando é uma coisa muito justa. É para que as medidas provisórias não cheguem aqui na véspera para serem votadas no último minuto, em que a gente tenha apenas a opção de recusar ou mesmo votar sem grande estudo”, assinalou o senador.