A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse, nesta segunda-feira, que a votação do Código Florestal não pode sofrer interferência de outros temas políticos da agenda do Congresso, como o pedido de convocação do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, para explicar sua evolução patrimonial, e a votação de medidas provisórias. ''Qualquer questão ligada ao ministro Palocci ou envolvendo a votação de medidas provisórias não devem vir para a pauta do Código Florestal. Isso seria o pior dos mundos, queremos separar as coisas. Queremos um debate sobre florestas e isso não pode ser trocado por qualquer que seja o assunto''.
Marina e outros nove ex-ministros do Meio Ambiente apresentaram hoje (23), na Câmara dos Deputados, carta aberta contra o relatório do novo Código Florestal, elaborado pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Os ministros também querem o adiamento da votação do relatório, marcado para esta terça-feira. O grupo criticou a falta de transparência na negociação de pontos polêmicos do texto e a pressa em aprovar as mudanças na lei ambiental. A expectativa pela possível flexibilização das regras para preservação em propriedades rurais já está provocando aumento do desmatamento no país, segundo os ex-ministros. ''Se for votado de forma açodada, teremos uma situação de completo descontrole'', disse Marina Silva. O ex-ministro do Meio Ambiente do governo Itamar Franco, Rubens Ricupero disse que a aprovação das mudanças do Código Florestal com flexibilização das regras representaria um retrocesso na política ambiental brasileira e citou a criação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) na época da ditadura militar. ''Seria um trágico retrocesso e uma ironia terrível que um Parlamento democrático desfizesse o que o regime militar permitiu ser feito''. Além de Marina Silva e Ricupero, os ex-ministros Paulo Nogueira Neto, José Goldemberg, Fernando Coutinho Jorge, Henrique Cavalcanti, Gustavo Krause, Sarney Filho, José Carlos Carvalho e Carlos Minc também assinaram a carta contrária às propostas de mudanças no Código Florestal. O grupo vai apresentar ainda nesta segunda o documento aos presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP) e da Câmara, Marco Maia (PT-RS). E amanhã (24)devem ser recebidos pela presidenta Dilma Rousseff.