Aliados buscam cargo de prestígio para Serra no PSDB

A cinco dias da convenção nacional tucana, a disputa interna entre serristas e aecistas apenas mudou de foco. A briga agora é pelo comando do Instituto Teotônio Vilela, que leva a maior fatia de um fundo partidário inflado este ano em 50% e terá papel importante na definição dos rumos do partido para a eleição presidencial de 2014. Praticamente nas mãos do ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), a Presidência é agora cobiçada por aliados para o ex-governador José Serra (PSDB-SP). Antes, o motivo da discórdia era a secretaria-geral do partido, que caminha para continuar com o deputado federal mineiro Rodrigo de Castro.

O discurso é uníssono. Os tucanos querem trabalhar pela unidade para se fortalecer como principal partido de oposição. Ainda é preciso, no entanto, combinar com os grupos que trabalham pela candidatura do senador Aécio Neves e do ex-governador Serra à Presidência em 2014. Até há poucos dias, a ala serrista trabalhava pela indicação do ex-governador Alberto Goldman, paulista que foi vice de Serra, para a vaga que hoje é de Rodrigo de Castro. O grupo agora quer emplacar o próprio José Serra na presidência do ITV, apesar de o próprio ter chegado a dizer que não disputaria a vaga.

O ITV fica com a maior parte do orçamento do PSDB, que para 2011 terá somente do fundo partidário R$ 9.934.300,58. Também dá visibilidade ao dirigente e é responsável pelas discussões mais programáticas dos tucanos. O combinado, até então, é que o ex-senador Tasso Jereissati assuma o posto. A presença do cearense corrobora com a tese de “despaulistizar” a legenda. Ele foi o nome indicado pela antiga bancada no Senado e confirmado pelos novos eleitos, sem a assinatura do senador Aloysio Nunes, aliado de Serra e único a não referendar a indicação.

Com a falta de “lugar” para acomodar Serra no ITV, os aecistas trabalham para resolver o que consideram um “problema de última hora” com o conselhão político do partido, que teria o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à frente. Na linha de não deixar ninguém de fora, também estariam na nova instância do partido Aécio, Tasso e o governador de Goiás, Marconi Perillo. Os mineiros trabalham pela chapa que reconduz Sérgio Guerra (PE) à presidência com Rodrigo de Castro secretário e Tasso no ITV. Os nomes seriam mais favoráveis à tese de renovação com a candidatura de Aécio à presidência

Se nos bastidores o movimento é intenso, às claras os tucanos negam a divisão. Segundo o presidente do PSDB mineiro, deputado federal Marcus Pestana, o partido não está dividido em blocos e, se há aecistas e serristas, teria de haver também “alckmistas” ou “jatenistas”, disse se referindo aos governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do Pará, Simão Jatene. Pestana nega, ainda, que haja disputa pelo ITV por parte do grupo de Serra. “Não houve essa manifestação, ele (Serra) mesmo acha que é pouco para ele. Ninguém falou sobre a ida de Serra e a bancada do Senado indicou o Tasso para presidente do instituto”, afirmou. O mineiro também rechaça a rivalidade entre paulistas e mineiros. “Não existe a disputa paulistas versus mineiros, ambos precisam uns dos outros”, afirmou.

O líder da minoria, deputado federal Paulo Abi-Ackel, confirmou que os mineiros trabalham pela chapa com Guerra, Castro e Jereissati e também negou a disputa interna. “O partido não deve possuir blocos opostos, pelo contrário, a executiva nacional tem que ser decorrência de um grande acordo. Nesse sentido, parece-nos melhor que o Sérgio Guerra, que foi ótimo presidente e coordenador da campanha de Serra à Presidência, possa continuar com Rodrigo de Castro e Tasso, indicado pelo Senado, no ITV”, afirmou.