Em estado de alerta com os rumos da investigação que coloca nomes ligados ao partido no centro de suposto esquema de corrupção e desvio de verbas públicas na Prefeitura de Campinas (SP), o PT partiu para o tudo ou nada e bateu às portas da Procuradoria-Geral de Justiça. Cinco deputados da bancada estadual da sigla se reuniram nessa terça à tarde com Fernando Grella Vieira, o procurador-geral.
O encontro com o procurador-geral durou 40 minutos. Os deputados pediram explicações sobre os motivos do requerimento de prisão temporária do vice-prefeito, Demétrio Vilagra (PT), foragido. “Apoiamos irrestritamente a investigação, mas não existe um único dado que justifique o pedido de prisão do companheiro Demétrio, que tem uma história vinculada aos movimentos sociais e não pode ser condenado publicamente”, protestou o deputado Edinho Silva, presidente estadual do PT.
Grella não recuou. Ele asseverou aos parlamentares “irrestrito apoio ao trabalho firme, sereno e imparcial desenvolvido pelos membros do Ministério Público no sentido do esclarecimento da verdade e da correta aplicação da lei, em cumprimento ao papel da instituição”.
Lula
A interceptação em que o nome de Lula é citado faz parte de relatório do Ministério Público à Justiça. Um diálogo entre um advogado e Luiz Castrillon de Aquino, ex-presidente da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), foco da corrupção, segundo a promotoria. Eles citam o nome do empresário e pecuarista José Carlos Bumlai, amigo e anfitrião do ex-presidente - ele recebe rotineiramente Lula em suas fazendas no Mato Grosso do Sul. Os dois interlocutores dizem que Bumlai estaria disposto a fazer “delação premiada para proteger Lula”.
“É uma acusação infundada, até criminosa”, reagiu o advogado Mário Sérgio Duarte Garcia, defensor de Bumlai. Guilherme, filho do empresário, está indignado. “Vamos tomar as medidas judiciais cabíveis. Meu pai jamais esteve com as pessoas citadas.”