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Estado de Minas

Lula assume articulação do governo

Ex-presidente é convocado por Dilma Rousseff para intervir na coordenação política do governo e estreitar as relações do Palácio do Planalto com a Câmara dos Deputados e o Senado


postado em 26/05/2011 06:00 / atualizado em 26/05/2011 06:06


Brasília – Chamado a Brasília pela presidente Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva fez uma intervenção branca na coordenação política do governo. Nas 24 horas em que permaneceu na cidade, ele cuidou de “lubrificar” as engrenagens políticas dos senadores do PT. Na terça-feira, jantou com Dilma e o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci – a quem defendeu e elogiou em todas as conversas que manteve – e, num encontro privado entre os dois, Lula o aconselhou a cuidar mais da política e menos da gestão dos programas governamentais. O périplo do ex-presidente terminou com um café da manhã para os senadores líderes de partidos aliados ao governo Dilma, nessa quarta-feira, na casa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Espera-se agora que venha um período de maior proximidade do Planalto com os políticos.

As andanças de Lula tiveram uma resposta imediata. Nesta quinta-feira, a presidente almoça com os senadores petistas, abrindo a temporada de encontros políticos no Alvorada. O próximo será um jantar com os senadores líderes de partidos aliados e um encontro com a bancada evangélica, em datas a serem marcadas posteriormente. Depois, virão conversas por bancada de partido. Nessa quarta-feira pela manhã, Dilma telefonou ao senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) para dizer que havia determinado ao Ministério da Educação a suspensão do kit anti-homofobia que seria distribuído em escolas públicas (leia detalhes na página 5).

Do café com Lula e Sarney, participaram o vice-presidente da República, Michel Temer, os senadores e líderes Romero Jucá (PMDB-RR), Renan Calheiros (PMDB-AL), Humberto Costa (PT-PE), Francisco Dornelles (PP-RJ), Gim Argello (PTB-DF), Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), Marcelo Crivella (PRB-RJ), Acir Gurgacz (PDT-RO) e Magno Malta (PP-ES). O ministro Luiz Sérgio não foi convidado. No encontro, que durou mais de três horas, Lula ouviu as ponderações dos líderes sobre o que falta para aproximar o governo do Congresso. Muitos falaram da necessidade de dar mais autonomia a Luiz Sérgio. Magno Malta (PP-ES) reclamou que Palocci não recebia ninguém e Renan Calheiros (PMDB-AL) falou em necessidade de acertar a “sintonia fina”. Todos saíram do evento com a certeza de que Lula voltou ao cenário político com o pé direito. “Essa crise política teve um lado positivo: ter trazido o protagonismo de Lula. Ele não se apresentou. Foi chamado e aplaudido. Foi bom tê-lo de volta”, comentou o senador Crivella.

Derrota Exemplo claro da falta de sintonia do Planalto com o Parlamento foi a derrota na votação do Código Florestal. Todos os partidos da base aliada tiveram dissidentes que levaram o governo Dilma Rousseff a sofrer sua primeira derrota na Câmara. As maiores defecções na base ocorreram no PMDB, PSC e PCdoB. Mas até o PT apresentou uma dissidência: o deputado Taumaturgo Lima, do Acre, que votou contra a orientação do Planalto. A bancada do PT deu, no entanto, uma demonstração grande de fidelidade à presidente Dilma: 78 deputados votaram contra a emenda que dá anistia aos desmatadores. Oito petistas estavam ausentes da votação. No PMDB, a situação foi inversa à do PT: 98,63% dos peemedebistas, o correspondente a 72 deputados, votaram contra o governo. Apenas o deputado Camilo Cola (PMDB-ES) votou com o Planalto – seis peemedebistas faltaram à votação.


Análise da notícia

O ex-presidente Lula pode até assumir a condição de articulador político do governo Dilma, mas não oficialmente e nem de forma permanente. Lula, na verdade, vai atuar como uma espécie de bombeiro, em momentos de crise, como agora, quando o governo saiu derrotado na votação do Código Florestal, está meio perdido diante das denúncias contra Palocci e pisa no terreno minado dos kits anti-homofobia. Numa única visita a Brasília, Lula mexeu os pauzinhos e ajeitou a casa para Dilma. Jantou com Palocci, tomou café com líderes da bancada governista no Senado já preparando o terreno para a votação do código e detonou a cartilha do Ministério da Educação. Lula sabe que uma coisa é atuar esporadicamente em momentos delicados, outra é assumir o papel permanente de articulador, o que pode, com o tempo, significar um sério desgaste à imagem de ex-presidente que saiu com mais de 80% de aprovação. (Renato Scapolatempore)


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