Os prefeitos das cidades que serão sede da Copa do Mundo de 2014 e que integram a frente de prefeitos se reuniram nesta terça-feira, pela manhã, em Brasília, para preparar uma espécie de carta conjunta a ser entregue à presidente Dilma Rousseff. O documento, que traz as reivindicações comuns a todos para facilitar a realização das obras até 2014, deve ser entregue na reunião desta tarde, no Palácio do Planalto, entre a presidente Dilma e representantes dos governos estaduais e municipais.
Os prefeitos vão pedir à presidente Dilma que edite uma legislação especial para permitir que os processos licitatórios não sejam obrigados a passar pelos trâmites burocráticos que acabam por atrasar essas obras. Eles querem ainda que haja modificação no sistema que controla os convênios e inabilita as cidades de obter financiamentos, muita vezes por pequenas pendências consideradas por eles insignificantes.
"Não é para passar por cima de nada. Só queremos um modelo que permita dar agilidade às obras que têm data marcada para serem concluídas", disse a prefeita de Natal, Micarla de Sousa, do PV. Natal é uma das cidades em que a construção do estádio está mais atrasada. A prefeita explicou que, apesar do problema, o estádio será construído no modelo de parceria público privada (PPP) e que ele estará pronto em dezembro de 2012. "Por isso não nos candidatamos para sermos cidade-sede na Copa das Confederações", justificou ela, insistindo que o grande interesse do município era a Copa do Mundo.
As duas maiores queixas dos prefeitos são os problemas que as cidades têm com mobilidade urbana e aeroportos. Manaus e São Paulo são as duas cidades que mais preocupam o governo federal. O prefeito de Manaus, Amazonino Mendes, atribuiu o atraso nas obras de construção do estádio ao governador do Estado e disse que "sem recursos e sem meios fica muito difícil conseguir fazer qualquer coisa". Amazonino se queixa da falta de um projeto de mobilidade urbana para a cidade, um problema crônico, que precisa ser resolvido. "Não se pode carrear uma montanha de recursos por conta de quatro dias de Copa", reclamou ele, reconhecendo que há muito a ser feito por lá, além dos preparativos para a Copa. "Nossa grande preocupação é a mobilidade", insistiu. Em relação à rede hoteleira, outra deficiência de Manaus, o prefeito disse que "esta questão poderá ser resolvida com navios no porto da cidade".
O prefeito de Cuiabá, Francisco Galindo, salientou que os prefeitos querem que o governo federal aproveite esta oportunidade para resolver os problemas que afligem as regiões carentes dessas capitais. "Existem pontos destas capitais que nem sequer possuem pavimentação e precisamos aproveitar esta oportunidade para realizar obras não só para a Copa, mas para beneficiar a cidade como um todo", comentou.
Já o prefeito de Porto Alegre, José Fortunato, reclamou da indefinição quanto ao aumento da pista do aeroporto da cidade, que não tem capacidade para receber aviões de grande porte, e à instalação do equipamento que permite pousos em condições meteorológicas adversas. "Não queremos a Copa do Mundo pela Copa mas pela infraestrutura que ela poderá deixar para todas as cidades", comentou ele, lembrando que a cada 15 dias o gabinete de gestão integrada tem promovido reuniões para avaliar as obras nas cidades-sede.
Na reunião, a presidente Dilma Rousseff também vai apresentar as suas queixas. Ela não está satisfeita com o andamento das obras em várias cidades, particularmente São Paulo e Manaus. O governo federal já avisou que as cidades que não se adequarem ao cronograma exigido para viabilizar a realização da Copa poderão ser simplesmente excluídas. As duas cidades mais adiantadas nas obras para a Copa são Belo Horizonte e Salvador.