No mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff se reuniu com ministros e governadores para debater a violência no campo, outro trabalhador rural foi morto — e novamente no Pará, onde três pessoas foram assassinadas na semana passada. O lavrador Marcos Gomes da Silva, 33 anos, foi executado, nessa quinta-feira, em Eldorado dos Carajás, no sudeste do estado. No encontro dessa quinta, as autoridades anunciaram o lançamento de um plano de combate à impunidade e que vão colocar as Forças Armadas à disposição dos estados.
A falta de punição parece ser a maior preocupação do Palácio do Planalto, conforme ficou demonstrado na reunião dessa quinta de Dilma com os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo; da Defesa, Nelson Jobim; e dos Direitos Humanos, Maria do Rosário. Os três vão visitar o Pará, Amazonas e Rondônia nesta semana, acompanhados de representantes dos Conselhos Nacional de Justiça (CNJ) e do Ministério Público, para discutirem a impunidade nesses estados. “Temos que ter inquéritos rápidos e ações judiciais rápidas para punir quem praticou atos ilícitos”, observou Cardozo. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, também esteve na reunião.
Cardozo disse ainda que as polícias Federal e Rodoviária Federal, a Força Nacional de Segurança Pública e as Forças Armadas poderão agir na região. “Elas (as corporações) entrarão a partir de solicitação dos governadores com objetivo claro de possibilitar não só que não corram novos homicídios, mas também para fazer a apuração imediata daquilo que está registrado”, disse. “Há uma avaliação comum da gravidade da situação que se caracteriza pela ocorrência de homicídios na Região Norte do país e da necessidade de se tomar medidas imediatas, com ampla integração entre governos estaduais e federal.”
O assassinato de Marcos Gomes ocorreu 10 dias depois da morte de José Cláudio Ribeiro da Silva e de sua mulher, Maria do Espírito Santo. O agricultor Eremilton Pereira dos Santos foi assassinado no último dia 27. Todos eles foram executados em assentamentos próximos a Nova Ipixuna, também no sudeste paraense. No último sábado, Adelino Ramos, o Dinho, líder agrário de Ponta do Abunã, em Rondônia, também foi executado à tiros.
A organização humanitária Anistia Internacional (AI) cobrou do governo brasileiro um fim nas matanças de ativistas ambientais. Em comunicado divulgado antes da morte de Marcos Gomes, a instituição pedia que o país atuasse mais firmemente contra os criminosos.