Os vereadores de Belo Horizonte parecem estar mais preocupados com a Copa do Mundo, que será realizada no Brasil em 2014, do que com alguns assuntos que estão na ordem do dia na capital. Com a proposta que vai instituir a Lei da Ficha Limpa na administração municipal e dois empréstimos que renderiam mais R$ 186 milhões aos cofres públicos para votar, os parlamentares optaram por aprovar um projeto que altera o calendário escolar para se adaptar ao período do Mundial na cidade e outras matérias de abrangência menos imediata. O baixo quórum e a insatisfação de integrantes da base do prefeito Marcio Lacerda (PSB) foram suficientes para adiar mais uma vez os três principais projetos em pauta. Com o pequeno de vereadores presentes, o líder do governo, Tarcísio Caixeta (PT), optou por uma manobra para adiar a votação dos projetos que exigiam pelo menos 28 votos para aprovação. Segundo ele, o empréstimo de R$ 90 milhões do Banco do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) serviria a obras de infraestrutura e outro de US$ 60 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) iria para modernização na estrutura administrativa da prefeitura. ''Os projetos eram de quórum qualificado, ia ficar apertado votar'', justificou. Foi aprovado projeto do vereador Bruno Miranda (PMDB) pelo qual o Executivo fica obrigado a alterar o as férias nas escolas municipais para coincidir com o período da Copa 2014. Conforme o projeto, a mudança deverá ser comunicada aos pais com dois meses de antecedência. Ainda nessa esfera, os parlamentares deram aval ao projeto de Adriano Ventura (PT), que obriga a reserva de 10% dos ingressos para a abertura da Copa a moradores de Belo Horizonte. Detalhe: o projeto só vale se a abertura for realizada em Belo Horizonte, daqui a três anos. Outro texto, da vereadora Maria Lúcia Scarpeli (PCdoB), proíbe venda casada de brinquedos com alimentos nos fast foods. Os vereadores aprovaram ainda o Dia Municipal de Padre Eustáquio, a ser comemorado em 30 de agosto, o Dia Municipal do Doador de Órgãos e Tecidos, em 27 de setembro, e a autorização para Belo Horizonte se tornar capital da moda, todos em primeiro turno. INSATISFAÇÃO A manobra do governo para evitar uma derrota na votação de projetos considerados prioritários teve razão de ser. Além do pouco número de presentes, há um clima de insatisfação na base com o tratamento dado pela prefeitura. Até mesmo o vereador Ronaldo Gontijo (PPS), integrante da Mesa Diretora, reclamou na reunião a retirada de um projeto no Barreiro, sua base eleitoral, por determinação da Secretaria Municipal de Educação. Trata-se do projeto de uma orquestra em uma escola. Para Gontijo, está havendo desrespeito com os vereadores. %u201CFaço parte da base, mas vejo que está faltando fazer uma política de consolidar essa base. Não tem sentido, na política, sermos nós e eles, a cada momento ter que estar negociando tudo. Determinadas atitudes da prefeitura estão faltando com o respeito à base%u201D, disse.