Menos de 24 horas depois da decisão do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, de arquivar as representações da oposição, o ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci assistiu de seu gabinete, no Palácio do Planalto, a um teatro político desalentador. Em vez de uma base unida em torno de sua permanência no cargo, Palocci viu um PT engalfinhado, um PDT engrossando a lista de assinaturas para abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e o PR dizendo que o Planalto precisava “fazer uma cesariana para tirar o rei da barriga”.
Os primeiros sintomas explícitos do desarranjo da base apareceram com o comportamento das bancadas petistas. Enquanto os deputados apoiaram a permanência de Palocci no cargo, os senadores, sob a liderança informal e confusa de Marta Suplicy (SP), acabaram, além de retirar apoio ao ministro, criando uma guerra política.
Marta acendeu o pavio da disputa interna ao propor, durante almoço semanal dos senadores petistas, uma nota de apoio a Palocci. A maioria rejeitou a ideia e disse que a função do partido era fortalecer o governo Dilma. Walter Pinheiro (BA), Delcídio Amaral (MS) e Eduardo Suplicy (SP) não estavam na reunião. O líder do partido, Humberto Costa (PE), irritou-se quando Marta, em minoria, apelou para a presença do presidente do PT, Rui Falcão, acreditando que ele poderia impor a decisão à bancada. “Isso foi iniciativa de gente que está querendo ser mais realista do que o rei ou protagonista dos fatos”, reagiu Delcídio.