Em uma conversa que terminou na madrugada dessa quinta-feira no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República, Michel Temer, o PMDB chorou as mágoas por não ter sido consultado com antecedência sobre a escolha da senadora Gleisi Hoffmann para o lugar de Antonio Palocci. Sentindo-se como “o último a saber” da troca de comando na Casa Civil, o partido deu um recado direto: é hora de ter mais espaço na chamada coordenação política do governo e participar das decisões em todos os níveis. “O PMDB tem que ter um papel nas questões políticas, ser ouvido”, afirmou o líder no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Os peemedebistas, entretanto, não querem ocupar o cargo de ministro de Relações Institucionais, onde hoje está Luiz Sérgio. O partido acredita que a função é ingrata. O ministro daquela pasta tem o dever de ouvir as reclamações de toda a base aliada e negociar temas específicos de interesse do governo, mas depende da presidente e da boa vontade de toda a Esplanada para que seu trabalho seja considerado um sucesso de público e de crítica. “Não é à toa que Luiz Sérgio tem hoje o apelido de garçom, só anota os pedidos”, brincou um dos participantes da reunião.
Deputados e senadores do partido passaram pela casa de Temer ontem. Estavam lá, além de Temer e Renan, o presidente do Senado, José Sarney; o do PMDB, Valdir Raupp; o ex-deputado Geddel Vieira Lima; os senadores Eunício Oliveira e Vital do Rego Filho; e o líder Henrique Eduardo Alves, entre outros. Eles fizeram um certo olhar de desdém para a escolha da senadora petista para o cargo de ministra da Casa Civil. Consideram que Dilma premiou quem pediu a cabeça de Palocci e não quem o defendeu o tempo todo dentro do governo e do PT.
Os peemedebistas decidiram ainda jogar na permanência de Luiz Sérgio. Assim, ficaria mais fácil o PMDB tomar conta da área política do governo. O modelo de articulação sugerido propõe dar mais importância ao chamado conselho político ou, pelo menos, mais espaço à atuação de Temer. Afinal, se não houver uma articulação maior com o PMDB, os problemas de Dilma tendem a aumentar, uma vez que as divisões internas do PT tendem a permanecer. Hoje, aliás, só um ponto une o PT: não deixar que o PMDB ocupe mais espaço na área política do governo.