Criado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Ministério da Pesca sempre esteve na periferia no Poder Executivo. E não foi diferente nos cinco meses de gestão da petista Ideli Salvatti na pasta. O ministério é muito mais conhecido pelo luxo de seu prédio-sede em Brasília do que pelos resultados que apresenta.
A pasta gasta R$ 575 mil por mês, num contrato de R$ 7 milhões por ano, com o aluguel de um prédio espelhado de 14 andares, onde 374 servidores estão lotados. O ministro e 67 assessores nem ficam lá. Eles dão expediente em dois andares de um prédio da Esplanada.
Nos oito anos dos dois mandatos do ex-presidente Lula, os recursos da Pesca aumentaram mais de 70 vezes, de R$ 11 milhões para R$ 803 milhões. Enquanto isso, segundo dados do próprio ministério, a produção nacional de pescado cresceu, no mesmo período, apenas de 990 mil toneladas por ano para 1,2 milhão.
O desempenho no comércio internacional é ainda pior. Em 2003, havia sido fixada meta de triplicar, até 2006, o superávit comercial dos pescados, então em US$ 181 milhões. Em vez disso, no ano passado, houve déficit comercial no setor de US$ 519 milhões.
Feudo
A chegada de Luiz Sérgio, do PT do Rio de Janeiro, para dirigir a pasta sinaliza o fim de uma espécie de feudo do PT de Santa Catarina em seu comando. Ao assumir o cargo em janeiro, Ideli substituiu Altemir Gregolin, do PT de Santa Catarina, que havia entrado no lugar de José Fritsch, presidente regional do partido.
Nos cinco meses como ministra, Ideli levou petistas catarinenses para o ministério, entre eles o secretário de finanças do partido no Estado, Claudinei Nascimento, para ocupar o posto de chefe de gabinete. No mesmo período, Ideli recebeu cerca de R$ 20 mil em diárias, com viagens pelo Brasil e pelo exterior, incluindo Roma (Itália) e Cancún (México), onde participou de eventos relacionados ao setor.