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Estado de Minas

Com a troca de comando em três ministérios, Dilma se envolverá mais na articulação com aliados

Ideia é ampliar a participação do Congresso e se reunir mais com conselho político


postado em 12/06/2011 07:21 / atualizado em 12/06/2011 07:25

(foto: Evristo Sá)
(foto: Evristo Sá)
Desde quando era a todo-poderosa ministra da Casa Civil do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff nunca escondeu a aversão ao “varejo político” que parlamentares em geral adoram fazer. Começou o governo obstinada em transformar a Presidência da República no escritório central de gestão e administração e deixar a conversa com o Congresso em segundo plano. Relegou a tarefa ao quarto andar do Palácio do Planalto com Antonio Palocci e o “anotador de recados” Luiz Sérgio, na Secretaria de Relações Institucionais.

Os pouco mais de cinco meses de mandato ensinaram a dura lição do regime presidencialista: os congressistas precisam de afagos. Forçada a fazer uma minirreforma ministerial logo no início do governo — trocando os titulares da Casa Civil, da Secretaria de Relações Institucionais e da Pesca—, Dilma terminou a semana mergulhando na negociação política e disposta a retomar, a contragosto, o rumo tradicionalista da Presidência.

Dilma percebeu que precisaria tomar as rédeas do varejo para construir apoio político às suas decisões e não ficar sujeita ao desgaste no Congresso. Ao receber relatos de que dificilmente Ideli Salvatti (PT-SC), ex-senadora e ministra da Pesca, teria sustentação no Parlamento caso fosse indicada como coordenadora política do Palácio do Planalto, a presidente decidiu tomar as rédeas das conversas e ela mesma consultar caciques do PMDB sobre sua escolha. Constrangidos, os peemedebistas não se opuseram. Ao escolher “dividir” a decisão com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e com o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), os obrigou a se tornarem fiadores de Ideli, limitando as ações de fritura que poderiam ocorrer devido a insatisfações sobre a escolha.

É esse o novo tom da Presidência da República. Dilma vai se envolver mais nas conversas com os políticos, realizando reuniões do conselho político com mais frequência, e atender à demanda do PMDB de que a coordenação política não ficará encerrada no Palácio do Planalto, mas terá mais participação do Congresso. A ordem dada à ministra Ideli Salvatti é que ouça mais os parlamentares. A promessa também é de portas abertas no gabinete presidencial —algo que Luiz Sérgio jamais teve.

Na rede

Dilma quer se concentrar primeiro nas conversas com os senadores aliados e depois ouvir as bancadas da Câmara — não o PT. Nesta semana, ela se reúne com os senadores do PR e do PP. O encontro com a participação de Ideli e Gleisi é para apresentar aos congressistas o trabalho que as duas desempenharão. A Casa Civil de cara nova não mais terá atuação política — ficará centrada na coordenação de governo — como era até dezembro de 2010. Ontem, a ministra Gleisi usou sua página no Twitter para avisar que está focada nas ordens de Dilma. “Peço que entendam se aparecer menos por aqui. Minha concentração será total nas tarefas que me foram dadas pela presidenta Dilma”, escreveu.

As Relações Institucionais voltam a ter o papel de atuação política e a promessa de que Ideli não será uma mera anotadora de recados; ela terá caneta e poder de influência. A ministra também mandou um recado pelo Twitter. “Nas Relações Institucionais, não vou usar só os dois ouvidos. Vou usar o coração, o bom senso e sempre a busca do bom resultado para o governo e para o país.”

PT Quanto ao PT, a presidente decidiu bater de frente com os correligionários e mostrar que não se curvaria às pressões do próprio partido. Os petistas da Câmara travaram uma batalha para tentar influenciar o governo que resultou na fritura de Luiz Sérgio. Mas ela não quis atender aos pleitos e mostrou que é ela quem decide os rumos do Planalto. Dilma informou o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), sobre a mudança na coordenação política. Mas o tom foi bem menos afável do que o usado com os peemedebistas. E, nessa briga interna entre as diversas correntes do PT na Câmara, Dilma não quer colocar o dedo. Espera que o próprio partido, por meio do presidente da legenda, Rui Falcão, encarregue-se de resolvê-la.

Aprovação

Pesquisa Datafolha mostrou que a aprovação do governo Dilma Rousseff continua subindo, apesar da crise envolvendo Antonio Palocci, ex-ministro da Casa Civil, e a alta da inflação. Segundo os dados divulgados ontem, 49% dos entrevistados disseram que o governo é bom ou ótimo. Em levantamento realizado em março, eram 47%. A maioria dos pesquisados também disse que gostaria de ver o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dando mais opiniões sobre o andamento do Executivo Federal. A pesquisa foi feita na quinta e na sexta-feira e ouviu 2.188 pessoas no país. A margem de erro é de dois pontos percentuais.


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