Em meio ao processo de dissolução dos diretórios municipais do PMDB indicados por deputados federais e estaduais, o ex-presidente da legenda em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, Acir Vieira, destituído pela Executiva Estadual, sai da berlinda e troca acusações com Antônio Andrade, presidente do PMDB em Minas. De um lado, Vieira diz que se o critério é a traição, Andrade deveria ser expulso, porque teria apoiado naquela cidade a vereadora Edimê Avelar, eleita pelos democratas. Vieira também acusa o presidente estadual do partido de receber apoio de legendas adversárias em várias cidades do Alto Paranaíba. “Ele alega traição, mas o traidor é ele. A dissolução do diretório do PMDB de Patos foi um circo”, acrescenta Vieira.
Antônio Andrade rechaça as acusações. “O PMDB de Patos nunca apoiou os candidatos do partido e é comandado pelos tucanos.” Sem negar que tenha apoiado a vereadora democrata Edimê, Andrade disse que ela era do PDT, quis filiar-se ao PMDB, mas não foi aceita. “O diretório municipal não quis de forma alguma a filiação alegando que ela tinha muito voto. Ela ficou sem partido e acabou se filiando aos democratas. Caso contrário, não conseguiria concorrer”, acrescentou.
O embate entre Antônio Andrade e o grupo político que comandava o PMDB em Patos de Minas ocorre dentro de um contexto em que todos os diretórios municipais acusados por deputados de traição estão sendo julgados em reuniões da Executiva. Mais de 50 casos estão em análise. Messa segunda-feira foi a vez da dissolução dos diretórios de Bom Despacho, Moeda e Ribeirão das Neves. A estes se somaram as dissoluções, na semana passada, dos diretórios de Botumirim, Coronel Fabriciano, Itapacerica e Patos de Minas, na semana passada. Para a reunião marcada para o dia 27, estão em pauta os julgamentos de dissolução dos diretórios de Paraopeba, Piranguinho, Sabará e Senador Firmino.
Todos os julgamentos de dissolução dos diretórios são precedidos de embates entre os deputados federais e deputados estaduais majoritários. Em geral, a tendência dos parlamentares é de indicarem para a dissolução os diretórios que não lhes deram votos nas eleições passadas. Em ata, o PMDB estabeleceu a obrigatoriedade de que o diretório apoie pelo menos um candidato a deputado estadual ou deputado federal. Se demonstrar que conseguiu apoiar um candidato do PMDB, em tese o diretório não pode ser dissolvido. Na prática, alianças entre grupos internos se formam para manter ou expurgar os diretórios acusados de infidelidade.
Em Patos de Minas, dois grupos políticos se enfrentam historicamente. Da disputa emerge a miscelânea das alianças partidárias, com lógica local dissociada da dinâmica nacional. De um lado está Elmiro Nascimento (DEM), secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Nascimento é o primeiro suplente do senador Aécio Neves. Do outro lado está o PMDB, aliado a oito outras legendas, entre elas o PSDB, o PPS, o PSC, o PTB, o PR e o PHS, que elegeu o deputado federal José Humberto, majoritário na cidade. O ex-senador Arlindo Porto, hoje no PSDB, ex-peemedebista e ex-petebista, é uma das expressões desse grupo político.
Nessa segunda-feira, o PMDB, além de dissolver os três diretórios, empurrou a análise dos casos de Ibirité, Japaraíba, Ingaí, Gouveia e Mariana para reuniões futuras. Já os diretórios de Caxambu e Rubelita foram mantidos.